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Ranielson Cambuim

Uma luz sobre a cannabis medicinal

São Paulo recebe masterclass sobre o tema


A sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) foi palco de um debate sobre medicamentos muito úteis em casos de Transtorno do Espectro Autista (TEA). O centro do debate foram os remédios contendo canabidiol, substância química não psicoativa presente na planta cannabis sativa, também conhecida como maconha ou cânhamo. O evento abordou os principais avanços e evidências científicas relacionadas à terapêutica com cannabis de uso médico para prescrição e acompanhamento.


A Dra. Maria Teresa Jacob, médica anestesista especialista em tratamento da dor e plantas medicinais, suplementos e orientações alimentares para a melhoria do bem-estar e qualidade de vida conversou com a nossa reportagem sobre o acesso do cidadão comum aos medicamentos e a polêmica sobre uma eventual descriminalização do uso recreativo.


Pahnorama: Hoje tivemos acesso a muitas histórias de pessoas que usaram esses medicamentos. Mas como a pessoa, o cidadão comum, consegue ter acesso a esses medicamentos?


Dra. Maria Teresa: Hoje em dia nós já temos produtos, medicamentos de grau farmacêutico viáveis nas farmácias. Algumas indústrias já tiveram a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que avaliou como medicamento para venda nos pontos de venda, nas farmácias. E em relação aos medicamentos que talvez a gente ainda não tenha acesso, são poucos que estão nas farmácias. Existe ainda a possibilidade da importação compassiva. Nesse caso, o paciente tem que ter uma prescrição fornecida por um médico que realmente tem uma formação forte em endocannabinologia para prescrever com segurança, eficácia e conhecimento. Por meio disso, o paciente fará um processo na Anvisa. Esse processo, anos atrás, chegava a levar 90 dias para aprovação, o que complicava muito no caso de um paciente oncológico, por exemplo. Agora não.


Pahnorama: A senhora acredita que se abre o debate para se falar em legalização ou descriminalização da maconha através desses processos, desses medicamentos?


Dra. Maria Teresa: Eu acho que são duas coisas diferentes, uma coisa é cannabis de uso médico para tratar problemas de saúde e com a rigor da produção de todo e qualquer medicamento para uso seguro humano e animal. Outra coisa é o uso recreativo, ou como eu prefiro dizer, uso adulto, porque nós sabemos que a maconha tem altíssimas concentrações da substância tetrahidrocanabinol (THC), que é o que dá os efeitos para quem busca o uso recreativo. Ela jamais deve ser usada em cérebros não formatos e é muito importante salientar que um cérebro acaba de se formar com 24, 25 anos. Então, quanto mais cedo a introdução desse uso, pior para o neurodesenvolvimento do córtex cerebral. Então, eu acho que são duas coisas, só que desde que seja uso adulto. Cada um relaxa do jeito que prefere. Com uma bebida alcoólica, com um ansiolítico, um sedativo ou fumando maconha. A planta é a mesma, os usos são diferentes. Seja para uso medicamentoso ou recreativo, na minha opinião, os dois têm que ser regulamentados, e não proibidos. Mas regulamentados e fiscalizados. Afinal, quem fuma maconha e optou por isso como um uso recreativo (uso adulto) tem que saber o que ele está fumando, o que está lá dentro, qual a concentração. É a saúde dele que está em jogo, de um paciente oncológico, por exemplo.


Foto: Assessoria

Dra. Maria Teresa Jacob Atua na área desde 1992, com pós-graduação em uso de Plantas Medicinais pela Universidade Nacional de Rosário, Argentina. Especialista em Anestesiologia e portadora do Título de Especialista em Dor. É também coordenadora científica do ExCanMed e coordenadora científica e docente do curso de extensão sobre aplicação médica.


Ranielson Cambuim

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