Já parou pra pensar que você divide o planeta com + de 8 bilhões de pessoas? Nosso planeta nem sempre foi tão populoso assim. Somente no ano 1.800 chegamos na marca de 1 bilhão de pessoas. 127 anos depois nós dobramos a marca e chegamos em 2 bilhões de pessoas. Em 1974, apenas 47 anos mais tarde, nós dobramos novamente e chegamos a população de 4 bilhões. 48 anos depois, advinha o que aconteceu? Dobramos novamente a marca e alcançamos a casa dos 8 bilhões.
Será que daqui a 47 anos vamos dobrar novamente a marca? Bem, de acordo com projeções das Nações Unidas, atingiremos 9,7 bilhões em 2050 e 10,4 bilhões em 2.100. 10 bilhões de pessoas num planeta com recursos finitos! Será que esses números nos levam a pensar que o nosso planeta é igual a coração de mãe, ou existe um limite de pessoas que podem viver no nosso planeta sem levá-lo ao colapso?
Thomas Malthus, pastor e economista inglês publicou em 1798 um livro intitulado “Ensaio sobre o princípio da população”, onde ele apresentava sua teoria sobre o crescimento das populações humanas, alertando que o ritmo de produção de alimentos não iria acompanhar o ritmo de crescimento da população humana, e com isso, as populações precisariam diminuir as taxas de natalidade de maneira preventiva, do contrário, a natureza iria se encarregar de manter o equilíbrio da população por meio de um alto número de mortes provenientes de guerras, fomes e epidemias, mantendo vivas apenas as espécies mais fortes e que melhor explorassem os recursos naturais no momento, como uma espécie de seleção natural.
A teoria de Malthus foi aderida por vários outros intelectuais como Charles Darwin e Alfred Wallace, os pais da teoria da evolução, e até mesmo chegou a ser retratada nas telas de cinema em filmes como “Inferno” de Dan Brown e “Vingadores - Guerra infinita” onde Thanos queria eliminar metade dos seres do universo justificando-se na teoria de que se a vida ficasse sem controle, a própria vida deixaria de existir por exaurir os recursos finitos do planeta.
Com base na teoria de Malthus, muitos outros intelectuais ao longo dos anos defenderam que o problema ambiental do nosso planeta se dá devido à superpopulação. Muitos cientistas, diplomatas e políticos modernos defendem como as 5 principais causas para a perda da biodiversidade: o desmatamento, a caça predatória, a poluição, a invasão de espécies e as mudanças climáticas e que essas coisas só acontecem porque tem gente demais na Terra e a única solução seria diminuir a quantidade de humanos. Segundo publicado por esses cientistas em um artigo no ano passado (2023), quanto mais gente, maior a necessidade do desmatamento para plantio e moradia, maior poluição para o transporte de alimentos, maior ocupação pelos humanos, o que retira o lugar de outras espécies, etc.
Enquanto eles retiram exemplos ruins de superpopulação da África e da Ásia, os bons são retirados da Europa e América do Norte, alegando que nesses dois últimos, a diminuição do crescimento populacional resultou no abandono de áreas agrícolas e de pastagens e essas áreas se tornaram ocupadas por mais vida silvestre, levantando assim a bandeira de que a diminuição populacional é a solução para salvarmos o planeta. Ironicamente, nenhum desses cientistas é da África ou da América do Sul. Estranho não? Na verdade, não, e todos sabemos que, quando se trata de Europa e América do Norte, especialmente, Estados Unidos, não há nada de estranho em se colocarem como o modelo de assertividade e solução mundial em detrimento da credibilidade dos demais continentes.
Mas, o que será que os cientistas do sul global acham dessa teoria? Bem, indignados com a essa afirmação, eles publicaram 2 artigos de resposta na mesma revista que publicou o artigo dos cientistas do norte para mostrar que não é bem assim e, que o principal motivo não é o tamanho da população e sim a forma como parte dessa população está consumindo os recursos naturais; que diminuir a quantidade da população não só não seria necessário, como também, não seria suficiente.
Na verdade, apontar como principal problema do nosso planeta a quantidade de humanos e responsabilizar os países mais pobres por isso, é mais uma manobra de distração utilizada pela classe dominante para não assumir a responsabilidade do real problema e nos afastar cada vez mais da solução, porque a solução teria que tocar em algo que essa classe não quer. Os países mais pobres, que são atualmente os que apresentam as maiores taxas de natalidade, ficam assim com a responsabilidade por mudar o planeta e com a culpa pelas coisas terem chegado ao ponto que chegaram, porém quem mais polui e esgota os recursos do nosso planeta, são os países mais ricos que se gabam de terem baixas taxas de natalidade.
Usando como exemplo os Estados Unidos e a Suécia, e comparando com Brasil, Índia (que se localiza no continente mais populoso do mundo, a Ásia, com cerca de 65% da população mundial) e Somália, vamos traçar agora um comparativo usando como métrica o conceito da pegada ecológica. A Pegada Ecológica, um método promovido pela Global Footprint Network, é uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais. Expressada em hectares globais (gha), permite comparar diferentes padrões de consumo e verificar se estão dentro da capacidade ecológica do planeta. O ideal é que esse valor não seja maior do que 1 e meio hectares por pessoa - é o que chamamos de biocapacidade do nosso planeta.
No Brasil, a pegada ecológica média é de 2,8 hectares por pessoa - um pouco acima do ideal. Na Índia, um país considerado superpopuloso, a pegada ecológica média é de 1,1 hectares por pessoa. Na Somália, país com a 2ª maior taxa de natalidade, é de −1 hectare por pessoa. Já um cidadão sueco médio, consome recursos de 6 hectares, enquanto um americano médio consome 8 hectares, bem acima da biocapacidade do nosso planeta. As responsabilidades pelas mudanças climáticas também são desiguais, já que o 1% da população mais rica do planeta, emite o dobro da quantidade de gases de efeito estufa que a metade mais pobre do planeta.
Ou seja, o esgotamento dos recursos do nosso planeta não está associado ao tamanho da população, mas sim ao quanto essa população consome em média. Países mais ricos tendem a produzir mais, e com isso, poluir mais e esgotar uma quantidade maior de recursos naturais de forma muito mais rápida. E também precisamos ressaltar que os países mais ricos acabam por esgotar os recursos dos países mais pobres para se sustentar. Cerca de 85% dos alimentos consumidos na Europa, são importados de outros países.
A ideia de que a solução para os problemas ambientais estão relacionados a se diminuir a população mundial, é um mecanismo que se propõe a nos distrair do verdadeiro motivo: a produção desenfreada que sustenta o sistema capitalista e a ganância das grandes empresas para a produção de commodities como a soja, por exemplo.
Um exemplo bem atual é o que estamos presenciando acontecer com o povo Yanomami. O número de mortes vem aumentando a cada ano por diversas doenças e isso não está relacionado ao crescimento dessa população, que ao contrário, tem diminuído cada vez mais devido às mortes, mas sim ao garimpo ilegal que está poluindo a água e exaurindo os recursos naturais utilizado pelo povo.
Com todos essas dados sendo trazidos à tona aqui nesse artigo, claro que não queremos incentivar a reprodução desenfreada da população, afinal, uma superpopulação e principalmente, uma superpopulação consumista, pode acarretar diversos problemas para o planeta, mas sim, precisamos refletir sobre cada um de nós não como o problema, mas sim como o que realmente somos, parte importante da solução. Até a próxima, queridos!
Everton Montezi
Texto com grande importância para o nosso futuro, nos conscientiza da real situação. Nos alerta que a culpa de tudo isso é dos países mais ricos, que querem que a gente acredite que a culpa é dos países mais pobres... E com isso tira a sua responsabilidade... Vamos acordar!!! E que devemos usar com mais consciência nossos recursos naturais!!! 😍😍👏👏