As novelas turcas desembarcaram no Brasil em 2015 pela Band, com o fenômeno ‘1001 Noites’, e surpreenderam ao alcançar uma média de 3 pontos de audiência — um feito significativo para os padrões da emissora. Agora, em 2024, essa popularidade é replicada pela Record com ‘Força de Mulher’, que recentemente bateu um recorde de 9,4 pontos em um único dia, superando até o reality ‘A Fazenda 16’, que mantém média de 6 pontos. A boa audiência da trama turca elevou também os índices dos programas subsequentes, mostrando um impacto que vai além da faixa horária em que é exibida.
Esse sucesso, no entanto, não é isolado. ‘Força de Mulher’ vem se destacando frente a produções nacionais: no mesmo horário, a novela registra uma audiência maior que ‘Reis’ (5,4 pontos) e ‘A Rainha da Pérsia’ (6,1 pontos), que foram ao ar anteriormente, também da Record. Já no SBT, que exibe ‘A Caverna Encantada’, a média de audiência fica em torno de 4 pontos. Esse desempenho sólido das tramas turcas gera um alerta para as emissoras brasileiras e levanta uma questão: o que explica essa preferência do público?
O charme dos “dramalhões” turcos
As novelas turcas parecem ter encontrado uma fórmula que ressoa com o público brasileiro. Com um “dramalhão” clássico e roteiros envolventes, essas produções trazem uma carga emocional intensa, características de histórias que não economizam no melodrama. Isso remete aos elementos das telenovelas brasileiras dos anos 80 e 90, mas com uma qualidade técnica aprimorada e uma narrativa que prende o espectador. Esse apelo parece preencher uma lacuna deixada pelas produções nacionais mais atuais, que em muitos casos, optaram por estilos narrativos mais ágeis e menos centrados no melodrama.
O desafio das produções nacionais
Esse sucesso turco reflete um desafio importante para a teledramaturgia brasileira, que enfrenta uma competição crescente, não só com produções internacionais mas também com o conteúdo sob demanda oferecido pelo streaming. Na Globo, por exemplo, ‘Mania de Você’, de João Emanuel Carneiro, tem enfrentado dificuldades para manter o público, registrando uma média de 21,6 pontos, abaixo dos 25,5 obtidos por ‘Renascer’, sua antecessora. Em um cenário onde o público tem opções diversificadas, a preferência pelas tramas turcas sugere que parte da audiência brasileira busca uma narrativa mais tradicional, sem as adaptações modernas que marcam algumas produções locais.
Além disso, enquanto a Globo mantém três novelas inéditas no ar, o SBT é o único outro canal aberto que ainda investe em telenovelas. A Record, que antes apostava fortemente nas novelas bíblicas, agora migrou essas produções para o formato de séries, abrindo espaço para produtos internacionais.
A expansão do streaming e as novas narrativas
No streaming, a teledramaturgia brasileira tenta inovar para competir com o que as novelas internacionais têm oferecido. Em 2025, o Globoplay lançará ‘Guerreiros do Sol’, uma produção de 40 episódios estrelada por Isadora Cruz e Thomas Aquino. A Max também apostará em novelas com formato reduzido, com ‘Beleza Fatal’, protagonizada por Camila Pitanga, Giovanna Antonelli e Camila Queiroz, e o remake de ‘Dona Beja’, estrelado por Grazi Massafera. Ambas produções terão 40 capítulos, tentando capturar a atenção do público com tramas mais compactas e dinâmicas.
Um novo capítulo para a teledramaturgia brasileira
O sucesso dos folhetins turcos no Brasil evidencia uma mudança no gosto do telespectador e impõe um desafio para as produções nacionais: como equilibrar a inovação com a essência do melodrama que ainda atrai tanta gente? Enquanto as novelas brasileiras buscam se adaptar ao cenário atual, fica claro que o público está aberto a novas experiências, desde que elas mantenham o apelo emocional que caracteriza a boa teledramaturgia.
Essa novela é muito boa , acompanhei pela max e me surpreendi quando a record se arriscou a passar a trama.