Por Alíne Valencio
Ancestralidade feminina e pertencimento
Minha amiga leitora. Musas! Estou muito feliz de te encontrar novamente por aqui. Obrigada por me ler toda semana. Sem você essa coluna e não existiria. E mais, não teria o mínimo sentido. De coração aberto e amoroso, eu sou muito grata pela sua parceria.
Hoje, iniciaremos uma série de quatro semanas debatendo sobre ancestralidade feminina. Para começar nosso papo, vou revelar para você a expressão que me foi, digamos, sussurrada no ouvido há alguns meses: Sororidade ancestral. Eu pensei: “Nossa! Nunca ouvi essa expressão”. Então, para não restar dúvida de que era realmente uma canalização espiritual, fui procurar no Google se existia tal formação de palavras. Não existe, pelo menos nas inúmeras páginas que pesquisei. O que encontrei foram as duas palavras separadas e soltas no meio de frases e matérias. Isso qualquer um encontra. Agora, as duas palavras juntas, não. Pronto! Finalmente entendi que era mais uma ferramenta de trabalho que me foi enviada pela espiritualidade para dar continuidade à minha missão de trabalhar com o sagrado feminino. E eu sabia exatamente o que fazer: debater sobre ancestralidade feminina aos quatro ventos. É por esse motivo que estou aqui, deusa poderosa!
Interpretei essa canalização como um presente do universo. Algo mais ou menos assim: “Aline, toma de presente para você”. Logo depois, contudo, briguei com o Benedito, meu ego. Sim, minha amiga musa, eu dei um nome para ele, porque é uma maneira que encontrei de pôr ordem na casa mental e mostrar quem manda. E eu não aceitei que esse presente fosse somente para mim. Portanto, logo que Benedito compreendeu que é para todas que eu trabalho, pude seguir em paz e também afirmar que esse presente é para todas nós. Até porque, a palavra sororidade é nova, ainda nem tem um significado definido. Assim, minha irmã leitora, deusa poderosa, antes de começar, gostaria de te pedir uma gentileza: a partir de agora, e durante toda a nossa conversa, por favor, se esforce para sentir dentro de você um sentimento de compaixão por todas as outras mulheres que vieram antes de ti, independentemente da relação que você teve, ou não, com elas. Ok? Confie em mim, você vai entender tudinho. Prometo!
Assimilados tais pormenores, indaguemos: o que é, de fato, sororidade ancestral? A resposta mais coerente é: possuir empatia e compaixão por todas as mulheres da sua geração. Atentar que, antes de serem mães, avós, bisavós, elas são ou eram apenas mulheres que, meramente, foram, de um jeito ou de outro, aniquiladas em seu feminino. De todas as maneiras.
Explicando mais claramente, proporei um exercício: se você tem alguma desavença com sua mãe, faça o seguinte: por um instante, empenhe-se para se desvincular do fato de que ela é sua mãe (o mesmo com suas ancestrais) e procure enxergá-la tão somente como uma mulher. Atente-se também ao seguinte detalhe: antes de você nascer, ela já era uma mulher que viveu uma parte da vida sem você. Consegue compreender que, quando você chegou na vida dela, sua mãe já tinha suportado muita coisa? E que tais acontecimentos foram determinantes para ela ter agido da forma que procedeu com você? Sei que você não é responsável e nem pode ser responsabilizada por tudo isso. Tampouco, por conta disso, ela tem direito de te rebaixar ou mesmo jogar todas as frustrações dela em cima de você. Não, ela não tem. Porém, quando você toma consciência disso e aceita, ou seja, para de brigar com o fato de que ela é sua mãe, goste você ou não, você se torna uma adulta que encara seus problemas de frente e assume a responsabilidade total sobre sua vida, você ainda se sentirá aliviada pelo peso que removerá das costas.
Mesmo porque, caso você não saiba, somos nós quem escolhemos, antes de nascer, a família na qual iremos reencarnar aqui na Terra, bem como tudo que iremos experienciar nesta oportunidade reencarnatória. Dessa forma, minha amiga, não existem culpados, vítimas ou qualquer outra coisa, situação ou pessoa que te isente de absolutamente toda a responsabilidade pelas suas escolhas.
Essa doeu, eu sei! Mas sei também que o que dói deveras é saber que, diante dessa constatação, não existe alguém ou algo que você possa responsabilizar pelas coisas acontecem contigo e justificar, ainda que inconscientemente, para você mesma, todos os dias, a razão pela qual sua vida é do jeito que é e a causa de você ser e agir do jeito que age. O que dói profundamente é ater-se à ideia de encarar a realidade de que você não possui mais a garantia constante de dispor da vantagem de contar as mentiras que você conta para si mesma e na quais você acredita porque é mais fácil ir levando a vida assim do que se tornar, indubitavelmente, uma adulta. Deusa, me perdoe a crueza de hoje nas minhas palavras. Não obstante, nesse caso, é a demanda do dia. E sou obediente.
Preciso finalizar nossa conversa de hoje. Mas, tenho certeza que estas palavras irão ferver na sua cabeça e que você estará aqui na próxima semana para continuarmos crescendo juntas e prosperando.
Um beijo e até semana que vem.
Alíne Valencio.
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