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Ser Mulher Preta, Mãe Solo e Empreendedora: Redefinindo o Sucesso no Brasil de Hoje

Ana Soáres

mulher negra empreendedora trabalhando

Para uma mulher preta, mãe solo e empreendedora, redefinir o sucesso significa atravessar desafios cotidianos em um Brasil onde políticas públicas e estruturas sociais pouco se preocupam em facilitar esse caminho. A narrativa de ser CEO, independente, autônoma, e ainda inspirar gerações futuras soa como algo reservado a livros e filmes de superação. Mas essa é a realidade de muitas mulheres pretas no Brasil. Essas mulheres existem e resistem — e mais do que isso, prosperam, apesar de um sistema que frequentemente tenta empurrá-las de volta para posições marginalizadas.

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Empreender, ser dona de seu próprio futuro, se tornou uma escolha para milhares de mulheres que enxergam, no seu talento e no seu trabalho árduo, a única via para construir uma vida digna para si e suas famílias. Ser mãe solo é uma missão diária de força e resiliência, e, no caso das mulheres pretas, é também uma luta contínua contra um sistema que insiste em aprisioná-las em estereótipos e limitações. O que leva, então, tantas mulheres pretas a desafiarem as probabilidades e se tornarem CEOs de suas próprias empresas? A resposta é clara: sobrevivência e a determinação de criar algo que jamais será tirado delas.

A força para empreender, para enfrentar um sistema desigual, vem de uma história de resistência que atravessa gerações. Nossa história, enquanto nação, carrega marcas profundas de exclusão, que foram e ainda são impostas às mulheres pretas. Essas mulheres, no entanto, são herdeiras de uma força extraordinária, que está na raiz de nossa cultura e na fibra de nossa sociedade. Ser empreendedora, nessas circunstâncias, vai além de criar uma empresa: é afirmar uma identidade, tomar as rédeas do próprio destino e reescrever as narrativas de sucesso que um país tão desigual historicamente lhes negou.

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No Brasil, a realidade é clara e crua: o IBGE aponta que 38% das mulheres pretas são chefes de família, e a maioria vive com uma renda abaixo da média nacional. No entanto, o número de empreendedoras negras tem crescido, impulsionado pela necessidade e pelo desejo de autonomia. A força dessas mulheres, a coragem de dizer "não" ao que é imposto, inspira uma mudança. Elas estão desafiando um sistema que as negligencia, transformando-se em símbolos de um Brasil que precisa repensar seu modelo de progresso.

Se olharmos para o cenário político e econômico atual, vemos um descaso em garantir uma educação de qualidade e acessível, uma saúde pública digna, e segurança que realmente valorize a vida da população. Essa estrutura está montada para que os mesmos interesses de poder se perpetuem, e isso vale tanto para a direita quanto para a esquerda. Em meio a essa realidade, mulheres pretas que empreendem, que assumem o controle de seus caminhos, representam uma resistência ao sistema, uma busca por liberdade em um país que sempre negou direitos básicos a grande parte da população.

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Para essas mulheres, o empreendedorismo é um movimento de autossuficiência e dignidade. Não é apenas sobre vender um produto ou um serviço, é sobre deixar um legado, criar uma marca, algo que possa inspirar seus filhos, suas comunidades e futuras gerações. Cada desafio vencido, cada venda concretizada, cada contrato assinado são passos firmes na direção de uma liberdade construída por elas mesmas, uma liberdade que o sistema não pode tirar.

Ser uma mulher preta, mãe solo e empresária no Brasil é mais do que um título; é uma afirmação de poder, é o grito de independência e o símbolo de uma luta que ainda tem muito a conquistar.

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