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Sala Lilás: Um Refúgio Urgente na Luta Contra a Violência de Gênero

Ana Soáres

Luiza Brunet e lideranças políticas inauguram espaço de acolhimento para mulheres vítimas de violência em João Pessoa

Luiza Brunet, referência mundial na luta pelos direitos das mulheres. Divulgação
Luiza Brunet, referência mundial na luta pelos direitos das mulheres. Divulgação

A violência contra a mulher no Brasil é um problema crônico, persistente e, infelizmente, cada vez mais alarmante. Os números são gritantes: mais de um terço das brasileiras (37,5%) sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses, segundo o último levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em parceria com o Instituto Datafolha. São mais de 21 milhões de mulheres, de 16 anos ou mais, marcadas por insultos, ameaças, agressões físicas e perseguições. É uma realidade que não pode ser apenas debatida — precisa ser combatida com urgência.

E é exatamente essa a missão da Sala Lilás, um espaço de acolhimento e suporte às vítimas de violência doméstica, que será inaugurado nesta sexta-feira (21), em João Pessoa, na Paraíba. O projeto, idealizado pela senadora Daniella Ribeiro, faz parte do programa “Antes que Aconteça”, criado para atuar na prevenção da violência de gênero. A ativista internacional e palestrante global Luiza Brunet, referência mundial na luta pelos direitos das mulheres, estará presente no evento ao lado do ministro Ricardo Lewandowski e do governador da Paraíba, João Azevêdo.

Um espaço para quebrar o ciclo da violência de gênero

A Sala Lilás será instalada no Instituto de Polícia Científica (IPC), no bairro do Cristo, e atenderá mulheres que precisam passar por exames de corpo de delito após sofrerem agressões. A proposta é transformar um ambiente que, tradicionalmente, carrega um peso burocrático e frio em um local acolhedor, onde as vítimas possam encontrar apoio psicológico, jurídico e humano para enfrentar essa situação devastadora.

A ativista Luiza Brunet, que já foi vítima de violência doméstica e transformou sua dor em uma bandeira de luta, enfatiza a importância de criar redes de apoio eficazes:

“A presença da mulher não pode ser lembrada apenas no Dia Internacional da Mulher. Temos que ser vistas, ouvidas e protegidas nos 365 dias do ano.”

A iniciativa da Sala Lilás busca justamente isso: garantir que as mulheres tenham um espaço seguro para buscar ajuda sem medo, sem burocracia e sem silenciamento.

O impacto da violência: números que não podemos ignorar

Os dados do FBSP revelam que, dos 21 milhões de casos registrados no último ano:

31,4% das vítimas sofreram agressões verbais (xingamentos, humilhações e insultos);

16,1% foram ameaçadas fisicamente (apanhar, levar chutes ou empurrões);

16,1% sofreram perseguição ou stalking;

18,9% relataram agressões físicas, como tapas, socos e chutes – o que representa 8,9 milhões de mulheres.

E esses são apenas os casos denunciados. O silêncio de muitas vítimas ainda encobre uma realidade muito mais cruel e invisível.

A urgência de agir: da ONU a João Pessoa

Nos últimos meses, Luiza Brunet intensificou sua atuação global. Em março, participou da 69ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto das Mulheres (CSW), na ONU, em Nova York, reforçando a necessidade de ações concretas contra a violência de gênero.

Agora, em João Pessoa, a ativista traz essa mesma energia para um projeto real e transformador. Para a senadora Daniella Ribeiro, a presença de Luiza Brunet na inauguração da Sala Lilás simboliza a resistência e a resiliência de todas as mulheres que conseguiram quebrar o ciclo da violência:

“É um processo doloroso e difícil, mas necessário. O que buscamos aqui é garantir que mais mulheres encontrem apoio e segurança para denunciar seus agressores e recomeçar suas vidas.”

Uma luta de todos

A inauguração da Sala Lilás é um passo essencial, mas ainda pequeno diante da magnitude do problema. Políticas públicas mais eficazes, leis mais rígidas e um suporte psicológico contínuo para as vítimas precisam ser priorizados.

A violência contra a mulher não é um problema das mulheres. É um problema da sociedade. E até que todas sejam livres do medo, a luta não pode parar.

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