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Resenha Corpos Mutantes: Ensaios Sobre Novas (D)Eficiências Corporais

Érica Corrêa

capa de livro verde claro com o título principal em amarelo com a imagem de uma mulher feitas de várias partes diferentes de imagens
Reprodução da capa do livro
"Esta obra tem muitos tempos, espaços, experiências, histórias e vozes. É plural. É resultado de várias reflexões sobre a atual valorização do corpo humano, que expressam e acentuam os imperativos da beleza e da boa forma, da juventude e da saúde perfeita. Discutir, por meio de múltiplas abordagens, o uso recorrente e acelerado de condicionamentos, terapias, próteses naturais e artificiais, cirurgias plásticas, implantes, que constroem e dinamizam as performances físicas e mentais dos sujeitos pode ser definido como o principal objetivo desta publicação." - Descrição do site da UFRGS Editora.

RESENHA DE LIVRO: Os corpos mutantes da vida real são acelerados pelas tecnologias médicas como marca passos, próteses, passando pelos cosméticos antienvelhecimento, silicone e os anabolizantes para alta performance esportiva.

O corpo humano não é mais eterno, como achavam os naturalistas gregos, mas outro acessório de moda, que muda a cada ano ou cada semana. O conceito grego do corpo como uma entidade eterna e imutável, sujeita apenas às leis naturais, foi completamente subvertido. Hoje, o corpo é visto como um projeto em andamento, um objeto maleável e programável.

A volta da magreza como estética da moda mostra bem isso. Para se encaixar no PADRÃO temos que nos moldar e mutar o corpo. Corpos fora do PADRÃO são excluídos e culpado os indivíduos, mesmo que esses tenham suas marcas visíveis por problemas de saúde ou acidentes.

As tecnologias restaurativas evoluíram significativamente - de simples peças mecânicas a sofisticados dispositivos eletrônicos que se integram ao sistema nervoso, permitindo movimentos controlados pelo pensamento. Você também pode escolher o design como a armadura do Homem de Ferro. Paralelamente, desenvolveram-se tecnologias de aprimoramento: cosméticos antienvelhecimento que prometem reverter os sinais do tempo, implantes de silicone que redesenham contornos corporais, cirurgias de harmonização facial. O que antes seguia o tempo biológico agora acompanha o tempo acelerado da moda e da tecnologia. Procedimentos estéticos, implantes e modificações corporais são tratados como tendências que podem ser adotadas, descartadas ou atualizadas conforme a conveniência.

Criou-se uma pressão social para a constante "atualização" corporal, estabelecendo novos padrões de normalidade e beleza frequentemente inalcançáveis sem intervenção tecnológica. O envelhecimento natural e as características corporais não modificadas são cada vez mais vistos como "falhas" a serem corrigidas.

Esse livro é de 2009. Os ensaios ainda são atuais e, acredito, ainda vão ser relevantes por muito tempo.



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