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Rosi Velozo

Querida, Minerato

Ruim mesmo é o racismo disfarçado de opinião!


Por Rosi Velozo.


Quanto ao cabelo étnico, crespo ou cacheado, carrega identidade, resistência e história, sua ignorância, só carrega vergonha mesmo.


Ana Paula Minerato

Ana Paula Minerato

Ana Paula Minerato, musa da escola de samba Gaviões da Fiel, uma torcida organizada historicamente conhecida por se posicionar contra o racismo, proferiu frases absurdamente ofensivas, referindo-se à cantora Ananda, do grupo Melanina Carioca como uma “empregada do cabelo duro” e questionando sua beleza, entre outras ofensas insuportáveis de ouvir. Essas palavras ferem não apenas a vítima direta, mas toda a comunidade preta, que, em pleno século XXI, ainda é obrigada a lidar com ataques racistas como esse.


Ananda, do grupo Melanina Carioca

É revoltante perceber que, com o passar dos anos, parte da sociedade não só não evoluiu, mas parece regredir em humanidade. Diante disso, só resta uma pergunta: Cara gente branca, vocês faltaram às aulas de história ou escolheram aprender apenas o que reforça seus preconceitos?

Lembrem-se: a África é o berço da humanidade. O Brasil, construído sobre a escravização brutal de pessoas africanas, tem sua maior riqueza na influência e contribuição negra. Somos uma nação majoritariamente negra e é inaceitável que discursos racistas ainda ecoem.

O racismo não só é ignorância, é escolha. E quem o perpetua está do lado errado da história. Que fique claro: a luta contra o racismo não se cala, não recua e não será vencida por quem insiste em ser pequeno diante da grandiosidade da cultura e da resistência preta.

Aproveitando o infeliz ocorrido, deixo abaixo alguns exemplos, entre uma infinidade, de termos racistas que ainda persistem e insistem em se perpetuar. Já passou da hora de eliminá-los de vez do nosso vocabulário.

racismo

Cabelo ruim - Essa é uma das mais clássicas! A expressão "cabelo ruim" é racista, pois desvaloriza os cabelos das pessoas negras, associando-os a algo negativo. Termos como "cabelo duro" ou "cabelo bombril" também refletem esse racismo.

Barriga suja -A expressão "barriga suja" é utilizada para se referir a mulheres, geralmente brancas, que têm filhos de pele negra. Ela sugere que gerar filhos negros é algo impuro ou problemático, refletindo uma visão misógina e racista que desvaloriza tanto as mulheres quanto as crianças negras.

Criado-mudo - Referência a um escravizado que ficava em pé ao lado da cama do seu “proprietário” durante à noite sem poder falar.

Crioulo - As palavras "crioula" e "crioulo" eram utilizadas de maneira pejorativa para descrever pessoas negras, especialmente durante o período escravagista. Esses termos eram usados para se referir aos descendentes de pessoas escravizadas.

Da cor do pecado - Embora seja considerada um elogio, ela associa a cor da pele a algo negativo, já que faz referência ao pecado, que na cultura majoritariamente cristã do Brasil é considerado algo a ser evitado. Além disso, reforça a hipersexualização de mulheres negras, remetendo a um histórico de abusos sexuais na escravidão, perpetuando estereótipos prejudiciais.

Denegrir - Manchar ou sujar algo. Isso reforça a ideia equivocada de que associar algo ao negro é negativo e deve ser evitado, perpetuando o preconceito de relacionar pessoas negras a aspectos ruins.

Galinha de macumba - A expressão "galinha de macumba" é ofensiva. Ela compara pessoas negras a animais e associa práticas religiosas afro-brasileiras a coisas ruins.

Mulata - A palavra “mulo”, ou seja, "animal híbrido, estéril, produto do cruzamento do cavalo com a jumenta, ou da égua com o jumento. Ou seja, o termo refere-se a uma pessoa mestiça e seu uso carrega conotações bastante negativas.

Mulata tipo exportação - Busca elogiar a beleza da mulher negra, mas a reduz a um produto, reforçando a objetificação e a sexualização de mulheres negras.

Volta pro mar oferenda - Uma associação de coisas indesejáveis a oferendas religiosas, desrespeitando as religiões de matriz africana.

Às pessoas brancas que ainda sustentam padrões racistas: É hora de tirar suas lentes distorcidas sobre os traços de pessoas pretas. Nosso cabelo, nossos corpos e nossas expressões não precisam da sua validação nem cabem nos moldes limitados que vocês insistem em impor.

Cabelo crespo ou cacheado não é "ruim", ele é identidade, é história, é beleza. Nossos corpos não são objetos para serem hipersexualizados ou desrespeitados. E nossas expressões não devem ser lidas como submissão ou agressividade, mas como a manifestação legítima de quem somos.

Chega de nos colocar sempre em lugares de subserviência e inferioridade. Somos protagonistas de nossa própria história e não aceitaremos mais que sua visão racista tente nos diminuir. Se desconstruir é obrigação. Respeitar é o mínimo. Aprendam.

Dane-se

Publicitária | Sem Roteiro.

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7 Comments

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Ellen C. Telácio
Ellen C. Telácio
Nov 27
Rated 5 out of 5 stars.

E vivemos para lutar mais um dia! A sorte deles é que buscamos igualdade e não vingança.

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Shirllota
Shirllota
Nov 26
Rated 4 out of 5 stars.

É preciso falarmos mais e mais sobre isso, até que todos entendam que somos seres iguais em direitos e deveres.

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RSR Comercio
RSR Comercio
Nov 26
Rated 4 out of 5 stars.

Necessário!

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Jeanne Brandão
Jeanne Brandão
Nov 26

Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.

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Ramon Cruz
Ramon Cruz
Nov 26
Rated 4 out of 5 stars.

Excelente e necessário.

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