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Profissionais da moda repudiam uso do termo 'modelo' para garotas de programa

Yuri Barretto


dono da agencia de modelos W Model
Foto: Reprodução/Site/LorenaR7

Nos últimos dias, um debate acalorado tomou conta das redes sociais e do setor da moda. O motivo? O uso indevido do termo "modelo" para se referir a garotas de programa envolvidas em escândalos midiáticos. Para quem trabalha e batalha na indústria fashion, essa prática é um desrespeito com quem constrói carreira na profissão e reforça estigmas que há anos tentam ser desconstruídos.


Indignação nos bastidores da moda

A revolta se intensificou após um caso recente envolvendo um jogador de futebol, no qual uma mulher foi amplamente identificada pela mídia como "modelo", mesmo sem histórico na indústria. Esse tipo de classificação equivocada gerou uma onda de protestos de modelos profissionais, que veem nisso uma banalização de sua carreira e um retrocesso na luta contra preconceitos que a profissão enfrenta.


Anderson Baumgartner, diretor da Way Model, uma das agências mais prestigiadas do Brasil e responsável pela gestão de carreiras de grandes top models, foi um dos primeiros a se manifestar publicamente. Em entrevista, ele deixou claro o quanto esse erro recorrente da imprensa prejudica a profissão.


Ser modelo é muito mais do que um rótulo


modelos desfilando para um evento de moda
Foto: Reprodução/Site/Sol

Para quem não está familiarizado com a dinâmica do setor, o termo "modelo profissional" não pode ser usado de maneira aleatória. Segundo Baumgartner, para atuar na moda, é necessário ter registro profissional (DRT) e realizar trabalhos específicos da indústria, como editoriais de revistas, campanhas publicitárias, desfiles e catálogos de moda. "Isso é trabalhar de fato nesta indústria, vendendo produtos, roupas, sapatos e cosméticos", ressaltou.


Ele também apontou que a falta de apuração jornalística tem sido a principal culpada por essa confusão. "Ninguém chega para um professor e o chama de algo que ele não é. Cada profissão tem sua identidade, e misturar as coisas prejudica quem realmente trabalha no setor", criticou o empresário.


Um passado de estigmas

A indústria da moda carrega um histórico de estereótipos que, por muito tempo, afastaram jovens talentos e assustaram famílias. Nos anos 1990, o receio de que o mercado fosse apenas uma fachada para outras atividades gerava desconfiança. "Mães e meninas tinham medo desse mercado. Foi um trabalho longo para profissionalizar a moda no Brasil e mostrar que se trata de um setor sério, com regras e responsabilidades", relembra Baumgartner.


Para as modelos que realmente vivem da moda, essa confusão é um retrocesso. "Elas saem de casa muito jovens, muitas vezes vão morar em países onde não dominam o idioma, enfrentam rejeição durante anos até conseguirem um espaço. Aí, depois de todo esse esforço, ainda precisam lidar com esse tipo de equívoco?", questiona.


A luta por reconhecimento e respeito

O pedido da classe é simples: chamar cada profissão pelo seu nome correto. "Se a pessoa é garota de programa, não tem problema dizer isso, é a profissão dela. Mas modelo é outra coisa. E precisa ser respeitada", afirma Baumgartner.


A crítica não é contra as profissionais do sexo, mas sim contra a desinformação que distorce o significado da carreira de modelo. Para quem constrói seu caminho na indústria da moda, o reconhecimento pelo trabalho duro e pela dedicação é essencial. E, no fim, o que se pede é o básico: nomear corretamente cada profissão e evitar confusões que reforcem preconceitos ultrapassados.

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