Rio de Janeiro brilhou ainda mais na noite de 13 de novembro com a quarta edição do Prêmio Ubuntu de Cultura Negra, evento que lotou o Teatro Nelson Rodrigues para celebrar o talento e a resistência da cultura afro-brasileira. Este ano, o evento nomeou o comentarista Marcos Lucas Valentim, líder do grupo étnico-racial da TV Globo, reconhecido por sua contribuição à representatividade e à visibilidade da comunidade negra na mídia, este foi convidado para ocupar o lugar que outrora fora de Léa Garcia.
Visando enaltecer não apenas o talento artístico, mas também o impacto social da cultura negra, o Prêmio Ubuntu reuniu figuras renomadas e aplaudidas no Brasil. Entre os convidados estavam estrelas como Regina Casé, Jéssica Ellen, Fabrício Boliveira, Ailton Graça e Rô Sant’Anna, que não economizaram no sorriso e nos aplausos para os premiados da noite. A sensação era de celebração mútua, como se cada prêmio fosse uma vitória compartilhada por toda a comunidade.
Mas o Prêmio Ubuntu vai além do glamour. Em um país onde 56% da população se identifica como negra ou parda, o reconhecimento de iniciativas que fortalecem a cidadania e a coletividade afro-brasileira é essencial. E as estatísticas comprovam a importância de eventos como esse: a taxa de desemprego entre pessoas negras no Brasil é 73% maior do que entre pessoas brancas, segundo o IBGE. Dados como esse evidenciam que a cultura negra, embora rica e poderosa, ainda luta por seu espaço de forma justa.
Paula Tanga, idealizadora do prêmio e ativista incansável pela valorização da cultura afro-brasileira, destacou o poder transformador da arte: “A ocupação cultural, o fazer artístico e a troca entre artistas são essenciais para buscar ações que contemplem o fortalecimento, a reflexão e a visibilidade da cultura afro-brasileira.” Seu discurso emocionou a plateia e reforçou o valor de eventos que estimulam a continuidade de um legado, especialmente em tempos em que se faz tão necessário reafirmar identidades e trajetórias.
As categorias premiadas foram uma aula sobre as múltiplas potências negras que brilham em todas as áreas: de “Potências Esportivas”, com nomes como Robson Caetano e Vini Jr., até “Potências Literárias”, que homenagearam a poetisa Miriam Alves. Os Quilombos Sacopã, Ferreira Diniz, Camorim e D’Oiti foram lembrados como “Pilares da Resistência”, uma ode às raízes que sustentam o presente.
O clima de celebração se misturou a um forte senso de missão. Ao longo da noite, foi impossível não perceber que cada homenageado carregava a força de gerações, carregando a responsabilidade de inspirar os mais jovens. Entre as categorias, o prêmio “Potências Infanto-Juvenis” chamou atenção ao premiar crianças e adolescentes como Levi Asaf e Lua Miranda, provando que a representatividade começa cedo e cada jovem negro premiado ali é uma promessa de um futuro mais inclusivo.
O Prêmio Ubuntu, além de uma festa, é um manifesto. É a reafirmação do valor da cultura negra em um país que ainda lida com heranças de desigualdade. E cada homenagem é um lembrete de que a resistência é parte do DNA afro-brasileiro, alimentada pela arte, pela dança, pelo esporte e, principalmente, pela voz de todos os premiados.
Fica o convite para que nos perguntemos: como cada um de nós pode ser parte dessa transformação?
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