Para esta semana, recebi a feliz tarefa de analisar os looks desfilados no tapete vermelho do Prêmio Multishow, o maior prêmio de música brasileira do país, que aconteceu nesta terça-feira, 3 de dezembro, no Riocentro, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Contarei primeiro minhas impressões depois de uma olhada geral no desfile dos artistas e, em seguida, separarei os looks que entendi que mereciam algum destaque.
Após uma olhada geral, algumas coisas chamaram a minha atenção. Os looks, em sua maioria, estavam mais comedidos em uma paleta mais sóbria, poucas cores, uma prevalência de preto, vermelho, azul e tons neutros. Junto às modelagens mais clássicas, muita alfaiataria e algumas interpretações mais modernas formaram toda uma estética previsível de um tapete vermelho. Confesso: precisei buscar se havia um dress code estabelecido pela falta de mais diversidade. Mas, claro, tivemos exceções!
Apesar de muitas composições lindas, senti falta de mais criatividade nos looks, de uma valorização da moda brasileira que é tão diversa e divertida, em cores, trabalhos manuais, modelagens modernas, camadas e volumes. A ideia que ainda prevalece é de um estilo elegante de modelos clássicos, cores sóbrias e neutras como manda o figurino. Vimos ousadia em algumas texturas e brilhos. Outra confissão: não consegui fazer esse trabalho de buscar informações sobre stylists e designers responsáveis pelo trabalho de confecção e escolha dos looks de todos os escolhidos. Se fizesse, no entanto, encontraria dificuldade. O próprio trabalho desses profissionais da moda no Brasil pode ser desvalorizado e inacessível.
Antes, contudo, de criticarmos qualquer escolha, é bom lembrarmos que não são todos que se importam com moda a ponto de gastar muito tempo ou recursos escolhendo o melhor look para uma foto no tapete vermelho. Ainda é um privilégio e depende também do interesse do artista e tudo bem. Apesar de admirar todos os looks lindíssimos e bem elaborados, fico pensando que seria interessante, também, ver os próprios artistas escolhendo seus looks em seus próprios guarda-roupas sem a preocupação de uma certa sofisticação, subvertendo a ideia de luxo do tapete vermelho. Separei alguns looks por categoria, pela similaridade de estilos e identidades estéticas:
CATEGORIA GENTE COMO A GENTE
Tony Tornado; Dj Malboro; Samuel Rosa e Laura Sarkovas; Gabriel, o pensador e Gabriela Vicente; Maurício Mattar e Shay Dufau; Carol Sampaio; Maria Gadú e Ana Paula Poppi
Aqui temos alguns artistas que provam que há elegância em apresentarem-se com certa simplicidade. O look para o tapete vermelho está ao seu alcance, no seu guarda-roupa!
CATEGORIA VOLUMES E BALONÊS
Se é volume que queremos, fomos servidos! A polêmica saia balonê, que recentemente voltou às passarelas, também marcou presença por aqui. Além dos babados, também presentes na estética boho chic, ambos propostos em looks mais criativos.
CATEGORIA SEXY FLUIDO
Aqui, temos a prevalência do estilo sexy, de muita transparência, brilho e fluidez, modernizando o clássico e ressaltando o corpo feminino e suas curvas.
CATEGORIA ANCESTRAL E MANUAL
Temos um look de representação cultural afro-brasileira e outro de representação indígena. Decidi unir aos looks de trabalhos manuais na mesma categoria, pois acredito que falar sobre peças de processos artesanais manuais é falar sobre ancestralidade brasileira.
STREETWEAR GLAM
Mc Daniel; Ferrugem e Thaís Vasconcellos; Mc Cabelinho;
Não poderia faltar, em um prêmio de música brasileira, a presença do Streetwear. Muito menos, em uma coluna escrita por esta apaixonada pela estética. Destaquei aqui aqueles looks streetstyle com o toque do glamour em brilhos e texturas.
CATEGORIA TEXTURA DRAMÁTICA, ALFAIATARIA MODERNA
David Brazil; Fernanda Schneider; Lauana Prado e Tati Dias; Matheus Carrilho; Alice Wegmann; Leidy Murilho.
Aqui, temos outra categoria que já amo: a prevalência do estilo moderno dramático, no que gosto de caracterizar como uma criatividade agressiva. Alfaiataria modernizada, com aplicações de brilhos e metais, corset, transparência e couro vermelho brilhante.
CATEGORIA GLAMOUR, ALTA COSTURA CAMP
Liniker; Glória Groove; Wenny Isa.
Por último, mas não menos importante, temos as artistas do ano em puro glamour com ares de alta costura. Temos também a ludicidade do camp, todas dignas de passarelas nacionais e internacionais. Com destaque para os designers brasileiros: Liniker veste André Betio; Glória Groove veste Bianca Jahara; Wenny Isa veste Guilherme Alves.
Renata Freitas
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