Documentário das Paquitas: retrato ou vilanização de Marlene Mattos?
O Globoplay lançou recentemente o documentário "Pra Sempre Paquitas", que prometeu contar a história das icônicas assistentes de palco da Xuxa. Mas será que foi só isso mesmo?
Ao longo dos cinco episódios, o que parece transparecer é uma tentativa contínua de retratar Marlene Mattos como a grande vilã da história, sem reconhecer o papel fundamental que ela teve na criação da "Rainha dos Baixinhos" e no sucesso das próprias paquitas.
Sim, o documentário expõe relatos pesados e momentos difíceis que as jovens enfrentaram, mas será que o foco precisa ser sempre em Marlene como um "carrasco"? E os pais dessas meninas, onde estavam? Será que não perceberam o que estava acontecendo nos bastidores? Ou era mais fácil fechar os olhos e aproveitar as oportunidades que Marlene, com seu poder, oferecia?
E quanto a Xuxa? Será que nunca notou nada? Nunca houve uma conversa de bastidores, nem um momento de confidência para entender o que se passava com suas paquitas? Ou, assim como os outros, a apresentadora preferiu se concentrar no que a parceria com Marlene poderia lhe proporcionar naquela época de ouro?
É intrigante como, ao longo dos anos, Xuxa parece apontar todos os problemas e tensões da época exclusivamente para Marlene, sem admitir nenhuma responsabilidade pessoal. E quando assume, é sempre de forma romantizada.
Outro ponto importante que parece ser ignorado nas narrativas sobre Marlene é o contexto em que tudo isso ocorreu: estamos falando das décadas de 1990 e início dos anos 2000. Ocupando o cargo de diretora, chefona, empresária, Marlene, uma mulher, nordestina e preta, estava em um lugar que pouquíssimos ocupavam naquela época. Sua postura firme e "durona" era uma necessidade. Afinal, quantas pessoas ou não acreditavam nela, ou desejavam o lugar que ela ocupava e não aceitavam sua posição?
Curiosamente, tanto neste novo documentário quanto no anterior, que foca na vida da própria Xuxa, não há uma única palavra de reconhecimento pelo trabalho de Marlene. Tudo o que é positivo parece ser desassociado dela. O que fica no ar é a imagem de uma mulher fria, calculista, quase como um carrasco à procura de vítimas.
É claro que Marlene, como qualquer um de nós, cometeu erros. Mas transformar uma jovem apresentadora em "Rainha" e fazer das paquitas um fenômeno cultural exige talento, foco e uma boa dose de firmeza – características que, gostem ou não, Marlene demonstrava com maestria.
Quando a primeira geração de paquitas decidiu escrever o tal livro e gerou a demissão de todas elas, Xuxa não chamou nenhuma menina para conversar? Que omissão é essa, Xuxa? A história que Xuxa contou no documentário, foi que chegou até ela que as meninas queriam a destruir e por isso foram mandadas embora. Gente, sério? Isso não deu uma mínima vontade de chegar nas paquitas e perguntar: E aí, qual é a de vocês? rsrs Quando aconteceu o rompimento de Xuxa e Marlene, e com isso acabou o "Planeta Xuxa', que era o único programa da Rainha que ainda estava no ar.
Cadê que a Xuxa foi atrás das meninas conversar, explicar, dar o colo da rainha?
Marlene não quis dar entrevista para o documentário. Pra que, né? Pra sair como totalmente errada de novo e esquecerem o que ela fez de positivo? Melhor ficar na casa dela e focar no trabalho.
Vamos ficar na expectativa de que Marlene, em algum momento, resolva contar a versão dela, sem cortes tendenciosos e sem manipulação. Agora disso tudo, sabe o que realmente eu queria que a Marlene contasse? Quem foi a X9, que contou sobre o livro. Eu desconfiei de uma paquita no documentário, pra mim ficou bem claro que foi ela.
Afinal, até que ponto essa narrativa é justa? E por que Xuxa parece relutar tanto em reconhecer sua própria parte nesse processo, preferindo transferir a responsabilidade para Marlene?
Lalinha.
Muito precisa sua reflexão sobre esse assunto, que acredito eu, ainda poderá ter alguns desdobramentos futuramente... Principalmente se a Marlene decidir falar ou até mesmo fizerem um documentário sobre ela, o que não seria má idéia, né.