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Paulo Barros fora do Grupo Especial: O fim de uma era ou apenas uma pausa

Da redação

Carnavalesco revolucionário, polêmico e milionário portas se fecharem na elite do samba após 16 anos

Paulo Barros fora do Grupo Especial carioca
Reprodução/Instagram @unidosdevilaisabel

Se o Carnaval é um espetáculo movido por paixão, inovação e, claro, polêmicas, o nome de Paulo Barros sempre esteve no epicentro dessa festa. O carnavalesco que redefiniu os desfiles da Sapucaí, introduzindo carros humanos, coreografias cinematográficas e enredos eletrizantes, agora se vê fora do Grupo Especial pela primeira vez em 16 anos. A pergunta que fica é: seria este o ocaso de uma lenda do samba ou apenas um período sabático forçado?


Barros, que já embolsou cachês milionários e fez história com campeonatos icônicos, viu sua estrela brilhar menos nos últimos anos. Em 2026, nenhuma das 12 escolas da elite do Carnaval carioca quis apostar em seu talento – uma decisão que vai além do desempenho na Avenida e que tem forte influência de suas recentes declarações controversas.


Do estrelato ao ostracismo: o que deu errado?


Até pouco tempo, Paulo Barros era um dos carnavalescos mais desejados e bem pagos da folia. Seus desfiles inovadores – como o inesquecível É Segredo (2010) da Unidos da Tijuca, que brincava com ilusões de ótica e trocas de figurino em segundos – fizeram história e redefiniram o conceito de espetáculo na Sapucaí. Mas a fase de ouro parece ter dado lugar a um período turbulento.


A reviravolta começou quando o carnavalesco fez declarações que não caíram bem no meio do samba. Em entrevista à Folha de S. Paulo, criticou a “monotonia temática” do Carnaval, especialmente enredos ligados à cultura africana e às religiões de matriz afro-brasileira. O problema não foi apenas o teor da crítica, mas o contexto. O Carnaval do Rio tem raízes profundas no povo negro e nas religiões afrodescendentes. O próprio desfile de 2024 da Vila Isabel, assinado por ele, trazia o enredo Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece, e a recepção foi morna.


Barros tentou se explicar, dizendo que tem sua própria fé, mas que prefere criar enredos sem cunho religioso. No entanto, o estrago já estava feito. A comunidade do samba viu as falas como um afastamento de uma de suas bases mais fundamentais. No Carnaval, o enredo não é apenas um espetáculo – ele carrega mensagens, memória e identidade.


Reações no mundo do samba


Nos bastidores da folia, o clima azedou. Figuras importantes do Carnaval não deixaram barato. Algumas escolas responderam na Avenida, incorporando símbolos da cultura africana com ainda mais força, como um recado indireto ao carnavalesco. O próprio desfile da Vila Isabel, que prometia impacto, acabou em oitavo lugar, e poucos dias depois, Barros foi desligado da escola.


A ausência de convites para 2026 não passou despercebida. Diferente de outros anos, quando seu nome era disputado a tapa, desta vez as escolas preferiram seguir outros caminhos. Seja pelo desgaste das polêmicas ou pela sensação de que sua estética já não surpreende como antes, Paulo Barros ficou de fora da festa.


Um gênio incompreendido ou um ciclo encerrado?


Se tem uma coisa que o Carnaval ensina, é que a Sapucaí nunca fecha suas portas para sempre. Paulo Barros já revolucionou a festa uma vez, e muitos acreditam que pode fazer isso novamente. Mas a pergunta que fica é: ele está disposto a se reinventar?


O afastamento do Grupo Especial pode ser um momento de reflexão para o carnavalesco, que ainda tem um legado inegável no Carnaval do Rio. Mas, em um cenário onde cultura, tradição e identidade falam mais alto, a inovação sozinha não basta. Para voltar ao topo, Barros precisará não apenas de novas ideias, mas também de uma nova postura diante da festa que ajudou a transformar.


Por ora, a Sapucaí segue sem ele. Mas no Carnaval, como na vida, nada é definitivo. Afinal, um bom enredo sempre pode ter um recomeço.

1 Comment

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danifrubeer
há 17 horas
Rated 5 out of 5 stars.

Deu errado falar demais. Se tivesse ficado quieto, tava lá em 2026.

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