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Ovos de Ouro e Café Amargo: Inflação Aperta o Café da Manhã dos Brasileiros

Ana Soáres

Preços disparam, e até Lula ironiza: "A galinha não está cobrando mais caro"

Ovos
Ovos - Reprodução/Instagram @ovosaltodamantiqueira

Você piscou, e o café da manhã ficou mais salgado—e não foi por falta de açúcar. Ovos e café, dois protagonistas da mesa do brasileiro, dispararam em fevereiro, registrando a maior inflação desde os tempos de lançamento do Real. Segundo o IBGE, o ovo de galinha subiu 15,39% no último mês, a maior alta mensal desde 1994. Já o café moído encareceu 10,77%, algo não visto há 26 anos. E, claro, a reação veio na ponta da língua do presidente Lula: "A galinha não está cobrando mais caro". Mas, afinal, quem está?


A conta não fecha (ou melhor, sobe)


Se tem um brasileiro que sempre soube fazer milagre com o orçamento, esse é o consumidor. Mas agora a situação desafia até os mais criativos na cozinha. O impacto do aumento dos preços não é só no café da manhã. O ovo, que muitas vezes substitui a carne no prato do dia a dia, virou artigo de luxo. E o café, bebida quase sagrada no país, segue o mesmo caminho.


Fernando Gonçalves, gerente de pesquisa do IBGE, explicou que há uma tempestade perfeita elevando os preços. No caso dos ovos, três fatores se combinam:

Volta às aulas, que aumenta a demanda das merendas escolares;

Exportação aquecida, já que os EUA enfrentam problemas com a gripe aviária e precisam importar mais;

Calor extremo, que afeta a produção e o bem-estar das galinhas.


Café em grão
Unsplash

E o café? Ah, o café… Esse está sofrendo com problemas de safra ao redor do mundo, o que fez os preços dispararem no mercado internacional. O reflexo, claro, chega direto no bolso do consumidor brasileiro.


E a inflação, vai parar de subir?


A alta nos ovos e no café impulsionou o grupo de alimentação e bebidas, que registrou aumento de 0,70% no IPCA de fevereiro. A boa notícia é que esse índice foi menor que o de janeiro (0,96%), graças à queda nos preços da batata (-4,10%), arroz (-1,61%) e leite longa vida (-1,04%). Mas, sejamos sinceros: isso pouco alivia o impacto no dia a dia.


Para tentar conter essa escalada, o governo anunciou a isenção de impostos sobre a importação de alimentos como carne, café, milho, óleos e açúcar. Mas será que isso resolve? Associações de produtores já torceram o nariz e disseram que a medida tem efeito nulo, pois não há fornecedores externos suficientemente competitivos para baixar os preços por aqui.


A pergunta que não quer calar: o brasileiro aguenta até quando?


A verdade é que, mesmo com oscilações no mercado, o custo da comida segue pressionando os mais pobres. A cada novo aumento, o brasileiro precisa reformular o cardápio, buscando alternativas para driblar os preços. Mas até o ovo, antes um refúgio acessível, virou um luxo.


Enquanto isso, nas redes sociais, as piadas se multiplicam: "Na Páscoa, vou pedir ovo de galinha em vez de chocolate". Mas o riso é nervoso. No fim das contas, o brasileiro se vira como pode—mas gostaria mesmo era de um café menos amargo e um ovo menos dourado.

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