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Da redação

Os Bastidores do Arco-Íris: Até Onde Vai a Representatividade LGBTQIA+


Representatividade - Créditos: Alexander Grey
Representatividade - Créditos: Alexander Grey

Não há como negar que a diversidade é a palavra da vez. Mas será que a representatividade LGBTQIA+ que vemos nos nossos canais favoritos refletem realmente o Brasil como ele é? Vamos combinar que avançamos, sim. Ver casais LGBTQIA+ nas novelas, personagens trans e pautas que há décadas eram tabus sendo discutidas nas salas de estar do país é um alívio e um sopro de esperança. Porém, nem tudo é tão simples ou genuíno quanto parece.

Antes que você pense que isso é puro achismo, vamos aos fatos. Uma pesquisa recente da Universidade Federal do Rio de Janeiro revelou que, embora a representação LGBTQIA+ tenha crescido nos últimos anos, ainda há muito o que caminhar. De todos os personagens LGBTQIA+ na TV brasileira, a maioria é estereotipada, centrada em figuras caricatas ou em papéis secundários. É como se, ao incluir essas figuras, houvesse um toque de "aceitação" que agrada ao público, mas sem abalar profundamente as estruturas tradicionais. Não é curioso como essa inclusão parece calculada?

E se olharmos a coisa de uma perspectiva histórica, a situação ganha contornos ainda mais interessantes. No final dos anos 1970, enquanto movimentos sociais sacudiam o país, a diversidade nas artes também tentava emergir, mas a censura era impiedosa. Avançamos a passos largos desde então, mas será que estamos fazendo jus a esse legado? Em 2023, o mercado audiovisual brasileiro arrecadou quase R$ 23 bilhões, mas as produções realmente diversas são uma minoria dentro desse montante. Isso diz muito sobre o que é “rentável” e o que ainda é visto como "alternativo".

O paradoxo é claro: temos que ser gratos pela visibilidade, sim. Mas será que essa visibilidade está promovendo inclusão de verdade, ou estamos apenas vendo uma nova forma de exploração de narrativas para conquistar a audiência e, claro, mais lucro? Na prática, as histórias muitas vezes parecem recicladas e previsíveis, esbarrando em clichês e ignorando nuances que fazem parte da vida real da comunidade LGBTQIA+.

Outro ponto intrigante são os “rostos” dessa representatividade. Por que, quando finalmente vemos um personagem LGBTQIA+ no horário nobre, ele ou ela quase sempre é alguém de classe média, com uma vida que reflete bem pouco as lutas diárias de uma parcela expressiva da população? É como se a televisão quisesse criar uma ilusão confortável de aceitação sem, de fato, lidar com a realidade complexa e desafiadora. E o público percebe isso, afinal, quem realmente conhece essa realidade consegue identificar o quanto de ficção existe nessa "representação".

A pergunta que não quer calar é: será que não estamos diante de uma “representatividade de fachada”? Ao encher a tela com personagens LGBTQIA+, as grandes emissoras e produtores culturais parecem enviar uma mensagem de progresso, mas será que estão dispostos a ir fundo nas histórias que realmente importam? Enquanto a diversidade for tratada como um mero produto de entretenimento, será difícil que ela deixe de ser só isso.

Talvez, o próximo 'grande' avanço não seja só aumentar a quantidade de personagens LGBTQIA+, mas mergulhar de verdade nas complexidades e na beleza do que significa ser LGBTQIA+ no Brasil. E aí, quem será o primeiro a ousar dar esse passo?


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