Olá, minha cara leitora. Depois do texto de abertura da inauguração desta revista, estou eu aqui novamente, Cigana Carmem, para, antes de qualquer coisa, ou melhor, de qualquer previsão vinda do oráculo, e eu sei que é isso que você está aguardando ansiosamente, não é? Eu sei, eu sei! É necessário eu esclarecer alguns tópicos bem fundamentais. Dessa forma, segura seu desassossego, porque, não é hoje o dia do prenúncio do meu oráculo. Sinto muito! Mas esse dia chegará minha amiga. E se tem uma coisa que nós entidades sabemos, é que o tempo humano, é uma verdadeira ilusão. Contudo, isso é conversa para outra hora. Escreverei uma matéria a respeito disso. Por enquanto, apenas, confio em você e tenho certeza de que não serei abandonada aqui sozinha, por você, que lerá esta coluna semanalmente, até o dia das previsões do meu oráculo. E depois também. Assim eu espero.
Embora pareça um tanto maçante, é fundamental, definir alguns entendimentos equivocados dos seres humanos a respeito desse oráculo tão encantador, uma vez que, minha missão é desmistificar esse universo de uma vez por todas. Dessa forma, nossa prosa de hoje será a respeito do Petit LeNormand, o qual é o nome do conhecido oráculo Baralho Cigano. Vou te contar como foi que ele nasceu. Venha comigo!
O Petit LeNormand, surgiu, por volta de 1.800, devido a uma cartomante francesa, muito famosa na época: a Srtª Marie-Anne Adelaide LeNormand. Marie-Anne, desde muito nova, ainda criança, descobriu seu dom de mediúnico e já fazia previsões. Antes de se familiarizar com o baralho cigano, esta poderosa cartomante anunciava suas profecias através da borra de café e, entre outras artes, a quiromancia. Porém, o que a consolidou definitivamente, foi uma ilustre cliente, Josefina de Beauharnais, esposa de Napoleão Bonaparte.
A Srtª LeNormand, teria previsto, através da aura de magia que cerca seu nome, a ascensão e a queda de Napoleão. Mas fundamentalmente, quando leu as mãos do próprio Napoleão, ela previu as intenções de se separar de Josefina. E para abafar o caso, Napoleão ordenou sua prisão. Fazendo um aparte aqui. A história se repete não é mesmo? Uma mulher ousou desafiar um homem. E pagou caro por isso! Foi somente um desabafo, entretanto, não há como não mencionar, ainda que rapidamente, episódios como este. Porém, delego a função de desbancar o patriarcado para a Aline Valencio, que escreve a coluna “Mais minha do que nunca”. Eu em seu lugar, leria até o fim.
Pois bem! Você deve estar se perguntando: Ok, mas e como surgiram as cartas e suas figuras com sua simbologia?
Sabe aquele baralho que você joga cartas com a família ou os amigos? Pois bem, esse era o baralho era usado para leitura pela senhora Marie-Anne. Entretanto, essa é apenas uma especulação, dado que alguns atribuem o surgimento do baralho cigano, como sendo uma adaptação do Tarô de Marselha. O fato, é que a cartomante, que, por conta do seu conhecimento em quiromancia, acabou se aproximando do povo cigano, que também, tem este mesmo dom. E assim, a própria Marie-Anne fez algumas adaptações no baralho que aproximaram as cartas da cultura e da vivência cigana. Como, por exemplo, as ilustrações escolhidas por ela, que eram bem próximas da realidade cigana. Assim, a interpretação e a leitura ficariam mais acessíveis para eles. Para os que acreditam que ela tenha adaptado o baralho do Tarô de Marselha, também, atribuem a ela, a redução no número de cartas.
Bem, eu, Cigana Carmem, contesto a versão de que o Baralho Cigano teria surgido do Tarô de Marselha, não porque sou cigana e leio o baralho. Mas, meramente porque, o Tarô tem diferenças muito significativas do baralho comum adaptado e mais ainda, do baralho cigano. Enfim, para mim a senhorita LeNormand pegou mesmo o baralho comum e recriou, e assim surgiu o oráculo conhecido até hoje como Baralho Cigano.
E na próxima semana, abordarei exatamente essas diferenças. Até porque, conhecendo as diferenças entre o Tarô e o Baralho Cigano, você pode compreender melhor, com qual dos oráculos você se identifica.
Então, minha cara leitora, eu te espero na próxima semana. Ah, em breve termos previsões por aqui. Continue “Me lendo”.
Beijos da Cigana Carmem.
Optchá, Gitana!
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