Quando eu estava no período da minha formação Fundamental e Média, meus professores me diziam que a democracia era um regime governamental onde as decisões políticas, em todas as esferas, estavam nas mãos do povo. O povo sou eu, mas e a democracia?
Não sei se é viável afirmar isso. Então, para na ser presunçoso com as reflexões nem prolixo com as ideias, cheguei a uma conclusão pessoal: a democracia é um pouco de ditadura em nova roupa, totalitarismo disfarçado e presente dado a uma elite autoeleita que detém o poder.
Antes de chegar a esta conclusão, havia dito à minha mãe, meio atordoado com essa conversa de organizações políticas brasileiras, que eu era livre e vivia na democracia porque podia decidir sempre o que fazer. De súbito, sem nem pensar uma fração de segundos, ela respondeu:
– Como você é livre! Fica sem votar para você vê. Você acha que isso é mesmo democracia?
Naquele momento cocei a cabeça. A resposta dela estava fundamentada na lógica e a antidemocracia nos obriga à política por causa da nossa acomodação diante de tantas situações – pequenas ou não – que poderíamos transformar, mas não o fazemos.
Falta-nos consciência política ou nós não nos acostumamos ainda com o funcionamento da democracia e dormimos “eternamente em berço esplêndido”. E eu digo, seguramente: não há democracia. Minha mãe tem toda a razão. Se votar é obrigatório, se há obrigação em nos alistarmos, em defender a política atual que arrasta sem nenhuma consideração, o nosso país para valores antiéticos e amorais, não há democracia.
Desigualdade e antipatriotismo numa nação que prega a igualdade do que jamais – 500 anos passem – será igual. E não será igual porque não temos o direito de pensar, porque somos submetidos a uma ditadura fria numa Constituição que fere nossas opiniões com base na opinião de um grupo de políticos que dizem nos representarem. E não é igual porque aqui as leis só funcionam para pobres, mas quando se referem aos Ali babás e os outros tantos ladrões, as leis morrem por falta de sangue nas veias.
Mas, é preciso levantar outra questão: o povo brasileiro gosta de política? Não. Está respondido. E no não, não há necessidade de justificativa, mas vou dá-la. Não gosta, porque não conhece seus direitos e porque acha que é livre, meramente em razão de pagar seus impostos e não, matar, não cobiçar, opa! Espere. Estes não são princípios religiosos infundados na humanidade a zilhões de anos. Não há necessidade de se informar sobre projetos, capacidade, idoneidade, há sim, uma frase que nem se reflete e talvez, simplesmente talvez, a maioria nem saiba de certo o que significa ser livre no Brasil.
Não estou querendo discutir aqui a existência ou não do regime democrático no Brasil, mas explicar resumidamente nas palavras de Ariano Suassuna, que é uma pena termos uma repartição pública a qual a gente sabe que existe, mas não funciona.
Por Silver D'Madriaga Marraz
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