No dia 2 de março de 2024, a revista "Pàhnorama" esteve presente no coquetel de lançamento do filme "O Lenhador - O passado nunca morre". Embora o filme só tenha sido lançado aqui em 2024, ele foi produzido durante a pandemia. Trata-se de uma produção independente. Podemos, então, entender todas as dificuldades envolvidas para a sua produção. Ele tem sido apresentado em festivais pelo mundo antes de ter sido lançado aqui no Brasil e já foi premiado em 19 deles, como o Festival de Cinema Indie de Berlim, Prêmio Internacional de Cinema de Madrid, Prêmio Internacional de Cinema de Praga, entre outros.
Com roteiro de Roberto Gazola e Rogério Rolim, que também atua como protagonista, o filme trata de questões ambientais não muito discutidas e de suma importância, como o desmatamento, as queimadas ilegais e - como tema principal e não muito falado - a grilagem de terra. Explicando de forma bem simples, grilagem é quando um pedaço de terra é invadido e ocupado por pessoas que não são donas. Objetivo: desmatar e explorar o território de forma ilegal, para depois reivindicar as terras como patrimônio privado. Exploram tudo que a terra tem para oferecer. Quando ela se torna improdutiva para o plantio, vendem essas terras para grandes construtoras para serem transformadas em condomínios. A prática da grilagem de terra, embora não seja muito comentada, é bastante comum e envolve pessoas importantes como advogados, corretores de imóveis, registradores, tabeliões de nota e agrônomos, entre outros. Organizações criminosas podem também envolver agentes públicos, que se aproveitam de suas funções para facilitar esquemas de grilagem em troca de vantagens indevidas.
Conversamos com o diretor Roberto Gazola para entender o motivo de o filme ter sido premiado em vários festivais fora do nosso país e somente agora estar sendo lançado e concorrendo em festivais brasileiros. Segundo ele, a película foi inscrita em vários festivais, inclusive no Brasil, porém o retorno veio primeiro de festivais internacionais.
Quando percebemos que outros países se interessaram primeiramente em exibir uma produção brasileira que trata de questões ambientais enquanto, em nosso próprio país, ela só passou a ser exibida anos depois, chega a hora de refletir se nós, enquanto nação, não precisamos estar mais interessados em assuntos que tratam dessas questões, que são importantes não somente para nós, mas também para todo o mundo, principalmente por observarmos todos os últimos acontecimentos envolvendo temperaturas extremas ao redor do globo e o aumento desenfreado do desmatamento da Floresta Amazônica.
O diretor optou por tratar dos assuntos ambientais de uma forma diferenciada, trazendo ao enredo uma atmosfera de suspense. É, de fato, um filme bem diferente do que estamos acostumados a ver, pois, apesar do pouco diálogo, traz bastante reflexão sobre as questões levantadas.
Conversamos também com o roteirista e protagonista, o ator Rogério Rolim, que nos trouxe um dado bastante alarmante sobre a questão do desmatamento. Por ano, são retiradas toneladas de árvores da Amazônia, o que não é uma informação nova pra ninguém. Para termos uma dimensão desse volume, se formássemos um fila dos caminhões que de lá são retirados todos os anos, cheios de árvores, teríamos algo por volta dos 600km - mais ou menos a distância de Cabo Frio a São Paulo. Sem dúvida, é um dado bastante alarmante e que nos faz refletir sobre a importância de olharmos mais para essas questões, a fim de cobrarmos, das autoridades responsáveis, mais fiscalização e rigidez com quem comete crimes ambientais, independentemente de cargos ou credenciais.
Atualmente, o desmatamento é um dos maiores problemas da humanidade. Em 2021, a Coordenação Geral de Observação da Terra, por meio do Programa de Monitoramento de Florestas Via Satélite (Prodes), observou a maior área de desmatamento no Brasil desde 2008, um total de 12.911 km² na Amazônia.
É imperativo pensarmos e repensarmos a situação não somente do desmatamento, mas também de todas as outras questões ambientais globais, que estão cada vez mais alarmantes. Nenhum de nós, sozinho, pode resolver os problemas do mundo. Podemos, no entanto, fazer, individualmente, a nossa parte para manter nosso planeta vivo!
Fica aqui o nosso convite para assistir a "O Lenhador", que está disponível na plataforma de filmes independentes Univ Films (em breve, disponível em outros streamings) e também para ler nossos outros artigos, que já foram publicados anteriormente aqui na coluna Planeta Consciente, para ajudar na conscientização e reflexão sobre as questões ambientais.
Até a próxima!
Everton Montezi
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