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Da redação

O G20 no Rio de Janeiro: Uma Janela para o Futuro e a Chance de Redefinir o Papel do Brasil no Mundo



Mostra 'Nós - Arte e Ciência por Mulheres' no Futuros - Arte e Tecnologia integra programação oficial do G20 - foto: divulgação
Mostra 'Nós - Arte e Ciência por Mulheres' no Futuros - Arte e Tecnologia integra programação oficial do G20 - foto: divulgação

Por anos, o Brasil oscilou entre ser protagonista e espectador no cenário internacional. Em novembro de 2024, o país encontra uma nova oportunidade de se reposicionar globalmente com a realização da Cúpula do G20 no Rio de Janeiro. Esse encontro das maiores economias do mundo traz consigo a promessa de discussões cruciais para o desenvolvimento global e, simultaneamente, lança luz sobre questões que o Brasil precisa enfrentar internamente.

Ao receber o G20 pela primeira vez, o Brasil não apenas sedia um evento de alta relevância política e econômica. Ele também se coloca no centro de um debate que explora o futuro da humanidade, tecnologia, cultura e sustentabilidade. Mais do que um palco para chefes de Estado, a cúpula abre espaço para o diálogo entre ciência, inovação e inclusão social, principalmente por meio da programação paralela, como a exposição “Nós – Arte e Ciência por Mulheres” e o fórum Humanity Summit.

O G20 e o Brasil: Uma Relação de Altos e Baixos

O Brasil já foi considerado um gigante emergente, um dos líderes dos BRICS, com potencial para influenciar as direções da economia mundial. Porém, a história recente mostrou como a política interna, repleta de polarizações e crises, minou boa parte dessa influência. Dados do Banco Mundial revelam que, enquanto países emergentes como Índia e Indonésia cresceram em média 6% ao ano na última década, o Brasil patinou em taxas de cerca de 1,4%, consolidando-se como um ator de potencial latente, mas frequentemente inerte.

A realização do G20 no Rio traz, então, a oportunidade de o Brasil mostrar que pode voltar a ser um mediador global e não apenas um receptor de decisões. Contudo, para que esse impacto seja real, o país precisa demonstrar, dentro e fora do evento, que está disposto a enfrentar problemas estruturais: desigualdade social, baixo investimento em educação, e a ausência de uma política industrial consistente.

O Papel do Humanity Summit e a Voz da Inclusão

Enquanto líderes globais debatem no centro da cúpula, o Humanity Summit, integrado à programação cultural, amplifica vozes que costumam ser negligenciadas em fóruns de alto nível. Com debates sobre justiça social, inovação e diversidade, ele reflete uma realidade que o Brasil conhece bem: o abismo entre os avanços tecnológicos e o acesso equitativo a esses benefícios.

A exposição “Nós – Arte e Ciência por Mulheres” é mais do que um tributo à contribuição feminina na ciência. É uma chamada à reflexão sobre a exclusão histórica de vozes fundamentais para a inovação. Em um país onde as mulheres representam 51,8% da população, mas são apenas 28% entre pesquisadores em áreas como engenharia e tecnologia, a exposição dialoga diretamente com os desafios brasileiros e globais de inclusão.

A interseção entre arte, ciência e cultura reforça que o futuro não pode ser desenhado por elites econômicas isoladas. Ele depende de um esforço coletivo, em que a pluralidade de ideias, experiências e saberes é a verdadeira catalisadora de mudanças sustentáveis.

Oportunidade e Risco

O G20 no Brasil também expõe um paradoxo: o país que se posiciona como anfitrião de debates globais continua enfrentando problemas básicos em sua estrutura interna. O Rio de Janeiro, palco do evento, é uma cidade que sintetiza essas contradições. Enquanto os hotéis de luxo abrigam delegações estrangeiras, as favelas ao redor ilustram a desigualdade extrema que assola o país.

Para o Brasil, a cúpula precisa ser mais do que um evento bem produzido. É uma chance de transformar discurso em prática, de atrair investimentos responsáveis e de construir uma narrativa de credibilidade. No entanto, o risco de que tudo se limite a declarações vazias é real. Sem um plano concreto de ação, o evento corre o risco de ser lembrado mais pelo glamour do que pelos resultados.

Impacto Global: O Brasil Como Porta-Voz dos Emergentes

No cenário global, a presença do Brasil como anfitrião do G20 coloca o país em posição de destacar pautas que são prioritárias para as economias emergentes. Questões como a transição energética, o combate à fome e a digitalização acessível são desafios que afetam tanto os BRICS quanto nações africanas e latino-americanas.

O debate sobre tecnologia, central no Humanity Summit, é particularmente relevante. A aceleração tecnológica global vem ampliando desigualdades, e o Brasil, ao trazer a questão para o centro da cúpula, tem a chance de liderar um diálogo sobre como os avanços digitais podem ser usados para reduzir, e não aprofundar, os abismos sociais.

O Futuro Pós-G20

Se bem conduzido, o G20 no Rio pode ser um marco para o Brasil. Ele pode consolidar o país como um articulador global, capaz de conectar diferentes perspectivas e propor soluções inovadoras. Internamente, pode gerar estímulos à economia criativa, ao turismo e ao fortalecimento das políticas públicas de cultura e ciência.

Por outro lado, a falta de continuidade ou de uma estratégia concreta pode transformar o evento em mais um símbolo do desperdício de potencial. O Brasil, com sua riqueza cultural e intelectual, não pode mais se dar ao luxo de ser uma promessa.

A Cúpula do G20 é uma oportunidade de redenção. Resta saber se o Brasil saberá aproveitá-la.

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