Limites, disputas e o impacto na movimentação turística no Rio de Janeiro
Se você está planejando suas próximas férias saindo ou chegando pelo Rio de Janeiro, prepare-se para entender o que está por trás de uma disputa que promete mexer com a logística aérea carioca. Entre um Santos Dumont lotado e um Galeão buscando reconquistar relevância, a aviação, no Estado, virou palco de debates acirrados – e de muito empurra-empurra político.
Em 2023, uma portaria limitou o número de passageiros no Santos Dumont. A decisão veio após conversas envolvendo a Prefeitura, o Governo Estadual, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e até o Tribunal de Contas da União (TCU). Objetivo: garantir que o aeroporto mantivesse qualidade no atendimento enquanto redistribuía o fluxo para o Galeão. Mas será que essa estratégia realmente está decolando ou continua taxiando na pista?
Segundo dados divulgados pelo próprio Ministério de Portos e Aeroportos, desde a implementação da medida, a movimentação turística cresceu 4,5% no Estado, e o transporte de cargas registrou um impressionante aumento de 25%. No papel, parece uma vitória. Porém, quem circula pelos terminais sabe que o Galeão ainda enfrenta o desafio de preencher corredores e pistas ociosas enquanto o Santos Dumont continua operando no limite.
A polêmica, agora, ganha novos capítulos: será que uma pequena ampliação na movimentação do Santos Dumont é mesmo a solução ideal? Ou será que insistir nisso só reforça o problema histórico de concentração de voos no coração da cidade, enquanto o Galeão, projetado para ser um hub internacional, segue subutilizado?
E aqui vai o dilema que ninguém assume, mas todos sabem: enquanto o Santos Dumont é um sonho para quem deseja acessar o Rio sem longos deslocamentos, o Galeão parece um parente distante – indispensável nas festas de família, mas constantemente ignorado no dia a dia. A preferência de companhias aéreas e passageiros pelo Santos Dumont não é só questão de conveniência, mas também de uma cultura urbana que ainda não aprendeu a valorizar infraestrutura e planejamento de longo prazo.
Em 2025, quando a medida for reavaliada, o desafio será criar uma estratégia que equilibre eficiência e inclusão. Será que é hora de o Rio aprender a olhar para o Galeão não como um concorrente do Santos Dumont, mas como um aliado indispensável para o crescimento da cidade? Afinal, o que está em jogo não é só a logística aérea, mas o impacto no turismo, na economia e na imagem do Estado.
Enquanto isso, seguimos voando em círculos, com o futuro da aviação carioca pendendo entre o pragmatismo e a velha resistência a mudanças. E você, prefere a vista do Cristo ou os corredores amplos do Galeão?
O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), por meio da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), esclarece que não há nenhuma alteração na portaria que trata sobre a limitação operacional de passageiros no aeroporto Santos Dumont, estabelecida em janeiro deste ano, após um amplo debate envolvendo a Prefeitura e o Governo do Estado do Rio de Janeiro, Infraero, Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Tribunal de Contas da União (TCU), companhias aéreas, concessionárias e este Ministério.
Adicionalmente, informamos que o MPor, atendendo à orientação do Tribunal de Contas da União, realizará, em 2025, uma avaliação após o término de um ano de restrição, para verificar a viabilidade de atender à solicitação da Infraero, que propõe uma pequena ampliação na movimentação de passageiros, sem comprometer a qualidade dos serviços no Aeroporto Santos Dumont. Em relação ao Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), o Ministério tem trabalhado desde o início para fortalecer as operações também neste terminal. Vale destacar que, desde a implementação da medida, a movimentação de turistas nos aeroportos do Rio de Janeiro cresceu 4,5%, enquanto a movimentação de cargas aumentou 25%.
Ressaltamos que, para o próximo ano, é necessário desenvolver uma visão estratégica para fortalecer ainda mais a aviação no estado do Rio de Janeiro, em colaboração com todos os atores envolvidos. Além disso, é importante avaliar a necessidade de a Infraero expandir suas fontes de receita.
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