MASSACRE NA FAZENDINHA
O que deveria ser um espaço de aprendizado e afeto para as crianças em Nova Fátima, Paraná, tornou-se cenário de uma tragédia que abalou o país. No sábado, 12 de outubro, o local foi inaugurado com uma celebração especial pelo Dia das Crianças. O menino, posteriormente identificado como o responsável pelos atos, esteve entre os visitantes que participaram do evento e conheceram os animais da fazendinha.
Nova Fátima, uma cidade pacata no interior do Paraná, foi abalada no último domingo, 13, por um episódio devastador, o massacre na fazendinha. Uma criança de 9 anos invadiu a fazendinha recém-inaugurada de um hospital veterinário e, em um ato de brutalidade, matou 23 animais de pequeno porte, incluindo coelhos e porquinhos-da-índia. As imagens das câmeras de segurança registraram o menino, acompanhado de um cachorro, invadindo o local e, durante 40 minutos, arremessando e mutilando os animais, em um massacre que deixou os proprietários e a comunidade em choque.
A fazendinha, idealizada para trazer alegria e conexão com os animais, havia sido inaugurada no Dia das Crianças, apenas um dia antes da tragédia. Lúcio Barreto e Brenda Rocha, os veterinários à frente do projeto, encontraram o cenário de horror ao chegar ao local. Barreto descreveu o momento como "uma sensação horrível de impotência e tristeza" após anos dedicados ao cuidado dos bichos. A cidade inteira se solidarizou com o hospital veterinário, mas o sentimento de luto paira no ar.
A questão que ecoa é: como uma criança pode ser capaz de tal ato? Embora o impacto seja imensurável, a realidade é que, segundo a legislação brasileira, menores de 12 anos são inimputáveis, ou seja, não podem ser responsabilizados criminalmente. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê medidas socioeducativas apenas a partir dos 12 anos. No entanto, a discussão sobre o tratamento desse tipo de caso envolve uma série de reflexões sociais e psicológicas.
A pequena cidade de Nova Fátima, com cerca de 3 mil habitantes, está abalada. A internet, por sua vez, tem fervido com opiniões e sugestões de como a criança deve ser tratada. Muitos clamam por uma internação ou acompanhamento psicológico intensivo, mas outros questionam o que poderia ter motivado uma ação tão violenta de uma criança tão jovem. Até o momento, a identidade da família não foi divulgada e o paradeiro da criança é desconhecido.
Brenda Rocha, ao falar com a imprensa, destacou que o foco deve ser em fornecer o apoio necessário à criança. Ela acredita que a punição não traria os animais de volta e que a atenção das autoridades deve se voltar ao bem-estar do garoto. Apesar do trauma, o hospital veterinário decidiu reabrir a fazendinha, insistindo que o sonho de levar alegria e educação às crianças da cidade não pode ser destruído por esse triste episódio.
No Brasil, a questão da violência entre jovens sempre foi delicada. Dados do Unicef mostram que crianças em situação de vulnerabilidade estão mais propensas a sofrerem abusos e negligência, o que pode contribuir para comportamentos violentos. Em 2022, mais de 1 milhão de crianças foram atendidas por denúncias de violência doméstica, mas a questão vai além. São contextos familiares, sociais e, muitas vezes, invisíveis, que moldam o comportamento dessas crianças.
A cidade segue em luto, tentando entender as circunstâncias que levaram a essa tragédia. O caso de Nova Fátima nos lembra da importância de olharmos para nossas crianças com mais atenção, não apenas nos momentos de crise, mas no cotidiano. Afinal, uma infância saudável é o alicerce de uma sociedade mais justa e menos violenta.
O que aconteceu naquela fazendinha será lembrado por muito tempo, mas a comunidade, os veterinários e todos os que se importam com o bem-estar animal e humano precisam seguir em frente, com o coração partido, mas com a esperança de que essa tragédia possa despertar discussões importantes sobre como cuidar, proteger e educar nossas crianças.
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