O Carnaval 2025 do Rio de Janeiro promete uma explosão de criatividade, cultura e emoção, com os enredos das escolas de samba tanto do Grupo Especial quanto da Série Ouro trazendo temas que são um verdadeiro retrato do Brasil e das lutas de seu povo. As agremiações abraçam narrativas que vão desde a ancestralidade afro-brasileira, ícones culturais e histórias de resistência, até figuras emblemáticas da espiritualidade e do folclore. É como se o sambódromo fosse não apenas palco, mas um templo de celebração e reflexão.
No Grupo Especial, vemos, por exemplo, a Unidos do Viradouro trazer “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos,” enaltecendo a força espiritual que atravessa séculos e conecta o Brasil com a África. Já a Beija-Flor de Nilópolis presta homenagem a Laíla, um mestre dos mestres do carnaval, conhecido por sua dedicação ao samba e às comunidades. A Portela, em tributo a Milton Nascimento, evoca a trajetória de um dos maiores nomes da MPB, em uma viagem pelo que ele representa para a cultura nacional.
A cada ano, os enredos refletem o compromisso dessas escolas com suas raízes e com as questões que tocam a sociedade. As histórias, além de belas, são carregadas de camadas históricas e sociais. Esse carnaval se revela como um grito coletivo, onde cada escola traz lutas e conquistas. Nos desfiles, temas urgentes e necessários, como o racismo e a intolerância religiosa, encontram um espaço seguro e nobre. Ao falar de Logun-Edé, por exemplo, a Unidos da Tijuca celebra uma das entidades afro-brasileiras, enfatizando o respeito e a tradição dessa cultura ancestral, rompendo preconceitos que ainda persistem.
E não para por aí. Na Série Ouro, que também contará com um espetáculo cheio de força e paixão, as escolas se propõem a levantar outras bandeiras e narrativas igualmente comoventes. Unidos do Porto da Pedra, com “A História que a Borracha do Tempo Não Apagou,” reafirma a importância de manter vivas memórias que fortalecem a identidade do povo. A Inocentes de Belford Roxo, em “Ewe, a cura vem da floresta,” coloca em evidência o potencial curativo e espiritual das florestas, lembrando o Brasil da urgência de preservação ambiental.
Estatísticas recentes mostram o impacto profundo que o Carnaval gera não apenas na economia, mas também nas transformações sociais. Só em 2024, segundo a Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA), o evento movimentou cerca de R$ 4 bilhões na cidade do Rio de Janeiro, gerando mais de 300 mil postos de trabalho diretos e indiretos. Esses números revelam o quanto o carnaval vai além do glamour das arquibancadas; ele é sustento, ele é legado.
Cada ala, cada detalhe nos carros alegóricos, cada passo dos passistas é pensado para transmitir mensagens poderosas. Mais do que enredos, o que as escolas trazem à Sapucaí são histórias, sentimentos e, principalmente, a voz de uma gente que transforma a dor em festa e a alegria em resistência.
Neste Carnaval 2025, mais do que nunca, o Brasil será convidado a aplaudir a própria história. É um convite para todos nós, para valorizar e ouvir as vozes que compõem o tecido da cultura brasileira, refletindo sobre as mensagens que essas vozes nos trazem, dentro e fora da avenida.
ENREDOS RJ 2025
GRUPO ESPECIAL – RJ
Unidos do Viradouro: Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos
Imperatriz Leopoldinense: Ómi Tútú ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón
Acadêmicos do Grande Rio: Pororocas Parawaras: As Águas dos meus Encantos nas Contas dos Curimbós
Acadêmicos do Salgueiro: Salgueiro de corpo fechado
Portela: Cantar Será Buscar O Caminho Que Vai Dar No Sol – Uma homenagem a Milton Nascimento
Unidos de Vila Isabel: Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece!
Estação Primeira de Mangueira: À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões
Beija-flor de Nilópolis: Laíla de todos os Santos, Laíla de todos os Sambas
Paraíso do Tuiuti: Quem tem medo de Xica Manicongo?
Mocidade Independente de Padre Miguel: Voltando para o Futuro – Não há limites pra sonhar
Unidos da Tijuca: Logun-Edé – Santo menino que velho respeita
Unidos de Padre Miguel: Egbé Iyá Nassô
SÉRIE OURO – RJ
Unidos do Porto da Pedra: A História que a Borracha do Tempo Não Apagou
Império Serrano: O Que Espanta Miséria é Festa
Estácio de Sá: O Leão se Engerou em Encantado Amazônico
União de Maricá: O cavalo de Santíssimo e a coroa do Seu 7
São Clemente: A São Clemente dá voz aos que não têm
Inocentes de Belford Roxo: Ewe, a cura vem da floresta
União da Ilha do Governador: BA-DER-NA! Maria do Povo
Acadêmicos de Niterói: Vixe Maria
Acadêmicos de Vigário Geral: Ecos de um Vagalume
Unidos de Bangu: Maraka’Anandê – Resistência Ancestral
Unidos da Ponte: Antropoceno
Em Cima da Hora: Ópera dos Terreiros – O Canto do Encanto da Alma Brasileira
União do Parque Acari: Cordas de Prata: o Retrato Musical do Povo
Arranco: Mães que alimentam o sagrado
Tradição: Reza
Botafogo Samba Clube: Uma Gloriosa História em Preto e Branco
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