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Nova plataforma abre a caixa-preta das emendas parlamentares

Da redação

Central das Emendas promete revolucionar transparência e fiscalização dos gastos públicos

Brasília
Divulgação

Por anos, as emendas parlamentares foram um verdadeiro enigma para o cidadão comum. Deputados e senadores destinam bilhões de reais anualmente para projetos e cidades específicas, mas acompanhar para onde vai esse dinheiro tem sido uma tarefa para especialistas. Quem recebe? Quanto? Em qual projeto? O impacto disso na vida da população? Agora, essa névoa de mistério pode estar com os dias contados.


Nesta sexta-feira (28), em São Paulo, será lançada a Central das Emendas, uma plataforma inovadora que promete reunir, organizar e disponibilizar informações detalhadas sobre as emendas parlamentares desde 2015. O projeto, desenvolvido pelo engenheiro de computação Bruno Bondarovsky em parceria com a PUC-Rio, busca transformar a relação da sociedade com o orçamento federal, tornando a fiscalização mais acessível e transparente.


Como funciona a Central das Emendas?


A plataforma permite que qualquer pessoa consulte e filtre os dados de emendas parlamentares por autor, partido, estado, beneficiário, temática e período. Ou seja, agora será possível saber exatamente quais políticos estão destinando recursos, para onde estão indo e como estão sendo aplicados.


Além de informações oficiais do Governo Federal, da Câmara dos Deputados e do Senado, a Central das Emendas cruza dados do IBGE para contextualizar a aplicação dos recursos. O resultado? Descobertas surpreendentes.


Por exemplo:

  • O Rio de Janeiro, com 16 milhões de habitantes, recebe um valor per capita muito menor em emendas do que Roraima, que tem apenas 636 mil moradores.

  • Cada senador tem direito a R$ 70 milhões em emendas anuais, independentemente do tamanho do estado que representa.

  • Na prática, um cidadão fluminense "recebe" apenas R$ 13 por ano em emendas, enquanto um roraimense conta com R$ 330—uma diferença de 25 vezes!


Apesar desse aparente privilégio financeiro, Roraima ainda enfrenta dificuldades estruturais e ocupa a 13ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, enquanto o Rio de Janeiro está em 4º lugar.


Essas contradições revelam como a distribuição de recursos públicos nem sempre se traduz em melhoria na qualidade de vida.


Tecnologia e democracia de mãos dadas


A Central das Emendas nasce de um financiamento da Embaixada dos Estados Unidos, dentro de um programa de fortalecimento da democracia e direitos humanos. Mas o projeto não quer parar por aí. Segundo Bondarovsky, novas funcionalidades serão incorporadas, como relatórios gerados por Inteligência Artificial, permitindo que qualquer cidadão compreenda e analise os dados de forma mais intuitiva.


“O objetivo não é apenas dar transparência, mas incentivar debates urgentes sobre políticas públicas, equilíbrio fiscal e combate à corrupção”, afirma Bondarovsky, que já trabalhou como gestor público no Rio de Janeiro e em Mesquita, além de ter atuado no Ministério da Economia.

Por que isso importa?


O Brasil gasta mais de R$ 50 bilhões por ano em emendas parlamentares. Esse dinheiro pode ser crucial para escolas, hospitais, infraestrutura e projetos sociais. Mas, sem um mecanismo eficiente de controle, o risco de desperdício, corrupção e clientelismo político cresce exponencialmente.


A Central das Emendas surge como uma ferramenta poderosa para mudar essa realidade. Se você quer saber como os políticos estão gastando o seu dinheiro, a partir de agora, basta acessar: www.centraldasemendas.info.


Afinal, se o dinheiro é público, a informação também deve ser.

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