O que funcionou e o que não funcionou com as mudanças e a transmissão no Carnaval 2025.
É, meus amores. O carnaval 2025 acabou e com o fim da folia, muitas reflexões e questionamentos começam a ganhar espaço.
Vamos começar pelo começo?

O carnaval 2025 foi marcado pelo start de ter Gabriel Davi, de 27 anos, à frente da Presidência da LIESA (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), trazendo com seu debut, inúmeras mudanças no carnaval das grandes escolas do Rio.
Antes de se tornar presidente, Gabriel era o diretor de marketing da Liga, e agora é o mais jovem a assumir o cargo de presidente. E, além disso, Gabriel é filho do presidente de honra e patrono da Beija-Flor de Nilópolis, Aniz Abrahão David, o Anísio.
De início, a mais expressiva, ficou por conta dos dias de desfile que foram aumentados de 02 para 03 dias, sendo certo que, se acompanhávamos 06 escolas por noite, ficamos a cargo de 04 escolas por noite, deixando ao seu final um gostinho de quero mais pra quem estava acostumado a ver sempre a última escola terminar seu desfile com o raiar do sol.

Porém, até o momento, não se sabe se essa mudança mais expressiva fora mais benéfica ao carnaval, pois somente o tempo poderá nos trazer essa resposta, cabendo a nós reles mortais, apenas a expectação de todos esses desdobramentos. Em um primeiro momento, o público não parece ter gostado dessa mudança.
Outra mudança, que já era debatida há alguns anos entre as escolas, foi fechamento dos envelopes com as notas ao fim de cada noite. Até o ano passado, os jurados não precisavam lançar as notas até o fim da última agremiação passar pela Sapucaí. Parece uma coisa simples, porém isso aumentava a probabilidade de comparações entre as escolas entre um dia e outro.
Todas essas mudanças já era de conhecimento do grande público, mas faltava ver na prática como aconteceria.
E você acha que parou por aí? Claro que não.

A mudança mais ousada e que pegou muitos, se não todos, de surpresa, foram as multas aplicadas às escolas, Unidos da Tijuca, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos do Salgueiro e Portela, que em desrespeito às regras amargarão um pagamento um tanto quanto salgado à LIESA. Um impacto expressivo nos cofres das escolas, que somados chegam a cifra de 830 mil reais.
As multas foram aplicadas pelos seguintes motivos:
Unidos da Tijuca: R$ 80 mil por não retirar as alegorias dentro do prazo estipulado;
Mocidade: R$ 250 mil por desfilar com mais de 30 componentes na diretoria (foram 44);
Salgueiro: R$ 250 mil por desfilar com mais de 30 componentes na diretoria (foram 56);
Portela: R$ 250 mil por desfilar com mais de 100 componentes no final da escola.
Antes dessas mudanças, essas penalidades eram na forma perda na pontuação geral.
Agora vamos falar do assunto que tomou as redes sociais, A TRANSMISSÃO DA REDE GLOBO.
É claro que você sabe que a transmissão foi executada pela Rede Globo, mas assim como no ano passado, parece que a Rede Globo desaprendeu os maiores fundamentos de uma boa cobertura, fazendo chegar na casa de seus telespectadores uma transmissão que pode ser perfeitamente definida como na citação da Jornalista Renata Vasconcellos como: “xoxa, capenga, manca, anêmica, frágil e inconsistente”.
Não há exagero, os telespectadores nunca estiveram tão desinformados, tão ludibriados e tão à margem dos reais acontecimentos de cada desfile. Nada é detalhado pela emissora, desde os erros e avarias nas agremiações ao enredo e descrições de cada ala que por ali passaram.

A ressalva fica por conta dos jornalistas de rua e de setores como concentração e dispersão que nos momentos de seus links, entregavam o que podiam, sendo de igual forma acompanhados pelo “âncora” da transmissão Alex Escobar que mesmo tendo algum conhecimento sobre o assunto, ficava preso às paupérrimas imagens que lhe eram fornecidas, haja vista que, mesmo tendo cada escola 80 minutos para sua evolução na avenida, a emissora mantinha-se amarrada por mais ou menos 40 minutos na mesma imagem inicial de cada escola sem detalhar absolutamente nada, até que a agremiação chegasse até as suas câmeras de transmissão no meio da Marquês de Sapucaí.
A apresentadora, Karine Alves, que compartilhou a transmissão com Escobar na cabine da Globo, pode ser excelente no esporte, mas o carnaval não é o seu forte. Comentários rasos, genéricos, sem conexão, ou seja, não rende.
Bateu saudade das transmissões de antigamente, onde os repórteres andavam ao lado das alegorias, mostrando detalhes, contando o significado, mostrando os "buracos", os deslises. Afinal, não seria essa uma das funções da "Cobertura Completa"?
O que isso acarretou ao telespectador? Bom, pareceu tudo muito igual. E esse mar de marasmo e monotonia, fizeram da transmissão do carnaval 2025, uma das entregas mais rasas que a televisão brasileira já viu.

O alívio cômico e descrição técnica ficaram por conta do maravilhoso trabalho exercido por Milton Cunha e Mariana Gross, que sabem dar o tom de humor e seriedade no momento oportuno de cada uma de suas falas. Eles prometem e entregam tudo.
Com seu conhecimento vasto sobre carnaval, artes, cultura, Milton consegue explicar cada detalhe, cada carro, cada fantasia, cada enredo.
Se você acompanhou a transmissão e conseguiu ter alguma informação técnica de forma precisa, isso se deu pela experiência e pelo talento inquestionável de Milton que carregou a transmissão nas costas.
O carnaval 2025 termina com muitos questionamentos e injustiças cometidas, principalmente pelo corpo de jurados, tendo aliviado notas à Paraíso do Tuiuti.
Como pode uma comissão de frente sair da avenida com aproximadamente 56 minutos e o último carro entrar com 63 minutos na avenida e a escola conseguir fechar os portões em 80 minutos? Claro que correu e correu muito. E mesmo com esse "pequeno" detalhe, conseguiu receber 10 em Harmonia e Evolução.
As baterias da Unidos do Viradouro, do Mestre Ciça e Grande Rio, do Mestre Fafa (Fabrício Machado), não gabaritaram. No caso da Grande Rio, o 0,1 décimo retirado, lhe custou o título.
"Desculpe, Caxias", escreveu Fafa em seu perfil no Twitter/X, após apuração.
Mas teve uma situação muito inusitada nesse carnaval. Vem que eu vou te contar.
Você acredita que teve jurada que esqueceu de dar notas?
É isso mesmo, Ana Paula Fernandes deixou de atribuir nota no quesito samba-enredo à Mocidade, Paraíso do Tuiuti e Portela, obrigando a LIESA a consultar o seu regulamento e resolvendo a questão repetindo a maior nota atribuída pelos outros jurados do mesmo quesito, a essas escolas.
Como pode um jurado, que está ali para dar nota, esquecer de preencher as notas?
Coisas que só acontecem no RJ. (risos)
Agora uma grande surpresa ficou por conta do penúltimo lugar da Mocidade Independente de Padre Miguel, que mesmo fazendo um desfile belíssimo, por pouco, não desceu para série Ouro. E para a tristeza de muitos não teremos Viviane Araújo nas campeãs, pois a Acadêmicos do Salgueiro ficou em 7º lugar.

E pra fechar os portões da Marquês de Sapucaí neste ano de 2025, a Beija-Flor sagrou-se campeã com o enredo sobre Laíla, falecido em 2021 e que entre idas e vindas, fez parte da escola de Nilópolis por quase 30 anos. Não ironicamente, foi ele, Laíla, o responsável pelo último título da Beija-flor em 2018, tendo saído da agremiação logo após o título.
De tudo isso que se viu, a parte mais lesada, sem dúvida alguma é o telespectador, não sendo tolerável que uma emissora do porte da Rede Globo entregue uma cobertura tão medíocre, que em nada lembra a dedicação, a seriedade e a consistência dos tempos áureos a que todos nós, amantes do carnaval estávamos acostumados.
Mudanças são necessárias, ou então, que se abra a possibilidade de novas emissoras cobrirem o carnaval, pois onde a entrega não é o que se espera, a retirada da exclusividade há de ser a consequência do desprezo e da escassez com que a Rede Globo vem tratando a transmissão do maior espetáculo da terra.
Lalinha.
Colaboração: Monni
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