Lollapalooza 2025: um festival entre brilhos e desafios
- Manu Cárvalho
- 1 de abr.
- 3 min de leitura
Por Manu Cárvalho

São Paulo parou, mais uma vez, para viver o Lollapalooza 2025. Entre os dias 28 e 30 de março, o Autódromo de Interlagos se transformou em palco para dezenas de shows, ativações de marca, reencontros e muita expressão cultural. Mas, como todo grande evento, a edição de 2025 teve seus altos e baixos. De um lado, performances memoráveis e uma vibe que só o Lolla proporciona. Do outro, problemas estruturais, falta de informação e uma sensação crescente de que o festival está deixando de conversar com seu público original.

Abaixo, um panorama completo sobre o que funcionou e o que precisa melhorar. Porque, afinal, um festival que marca uma geração precisa estar à altura da energia de quem o faz acontecer.
O que brilhou: os pontos positivos do Lollapalooza 2025
Diversidade de gêneros musicais O festival entregou uma pluralidade de estilos, do pop ao rap, do indie à eletrônica. A ideia de agradar diversos gostos musicais foi bem executada no papel e em algumas apresentações ao vivo.
Nomes consagrados e novos talentos A presença de artistas como Alanis Morissette, Rüfüs Du Sol, Tool, Olivia Rodrigo, Jão e Drik Barbosa deu ao line-up uma mistura de nostalgia e novidade. Foi um festival para todas as idades.
Ativações de marca bem produzidas As mais de 25 marcas presentes investiram em estandes criativos, brindes, ativações interativas e espaços instagramáveis. Patrocinadores como Bradesco, Budweiser, Fiat e Samsung garantiram dinamismo extra.
Segurança reforçada Com quase 2 mil agentes da PM, drones e viaturas circulando, o esquema de segurança deu conta do recado e evitou maiores incidentes.
Transporte público 24h Uma iniciativa que fez diferença: o metrô e os trens da cidade funcionaram durante toda a madrugada, facilitando a ida e volta do público.
Espaços de descanso e opções gastronômicas Áreas de sombra e alimentação variada foram pontos positivos para quem precisava pausar entre um show e outro.
Estilo e criatividade nos looks Nem a chuva segurou o festival de moda que o Lolla sempre é. Botas tratoradas, jaquetas oversized, transparências, boho-chic e maquiagem artística dominaram os gramados.
Espaço para artistas negros Apesar da presença reduzida, shows de Drik Barbosa, Karol Conká, Kamau, Zudizilla e Michael Kiwanuka foram momentos altos, mostrando a potência da música negra no Brasil e no mundo.
Experiências sensoriais e tecnológicas Realidade aumentada, projeções e ativações interativas mostraram o potencial de unir tecnologia e entretenimento ao vivo.
Energia do público Mesmo com os perrengues, o que moveu o festival foi o público. Entregaram energia, amor, empolgação e paciência. A verdadeira alma do evento.

O que precisa melhorar: os pontos negativos do Lollapalooza 2025
Line-up sem grande apelo Apesar da diversidade, faltaram nomes que empolgassem. O festival pareceu se afastar do espírito alternativo e inovador que o consagrou, com vários shows vistos como "aleatórios" pelo público. Falta de artistas negros e de outras minorias A representatividade ainda é baixa. Apenas 9 artistas negros em um line-up com dezenas de nomes é insuficiente para refletir a pluralidade cultural do Brasil.
Chuva e lama: sem estrutura para o imprevisto O mau tempo do primeiro dia não foi devidamente contornado. Ausência de passarelas, proteções e drenagem deixaram o público enfrentando lama, poças e desconforto nos banheiros.
Banheiros sujos e sem absorventes O cheiro era forte, a lama constante e a falta de itens essenciais como papel higiênico e absorventes gerou incômodo. Nem os espaços médicos tinham absorvente disponível.
Desorganização na orientação ao público Faltou staff treinado para ajudar nas dúvidas sobre localização de palcos, banheiros e saídas. O mapa impresso, comum em outras edições, não foi distribuído.
Falta de monitoramento de áreas de risco Havia pessoas assistindo shows em estruturas elevadas e locais perigosos sem nenhum tipo de fiscalização, colocando a segurança em risco.
Acessibilidade falha Pessoas com deficiência relataram dificuldades em circular, falta de visibilidade dos palcos e ausência de suporte adequado.
Poucos espaços cobertos Com chuva ou sol forte, não havia estrutura adequada para proteção do público. A exposição constante causou desconforto.

O que fica para próximas edições
O Lollapalooza é gigante. E, justamente por isso, precisa se olhar com mais generosidade e escuta ativa. É hora de rever prioridades, fortalecer a representatividade, repensar o espaço e se reconectar com as raízes do festival: a cultura jovem, a diversidade e o espírito livre.
Enquanto a galera faz chover estilo nos gramados, a organização precisa fazer chover respeito, infraestrutura e inovação. Que venha o Lolla 2026, com mais emoção, menos improviso e um line-up que realmente faça o coração do público bater mais forte.
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