Quando falamos em representatividade, é essencial lembrar que ela não pode ser seletiva. Ela deve ser diversa e plural, exatamente como é a favela. Recentemente, uma ausência significativa na ExpoFavela, evento que visa enaltecer empreendedores e figuras de destaque das comunidades brasileiras, trouxe à tona um debate acalorado sobre quem é digno de voz e reconhecimento nesses espaços. Jojo Todynho, uma das celebridades mais populares a emergir das favelas cariocas, ficou de fora das divulgações e destaques do evento, gerando incômodo em muitos.
Jojo, além de cantora e personalidade da mídia, sempre foi uma figura franca sobre suas origens e seu orgulho em ser cria de Bangu. Sua trajetória de ascensão, apesar das dificuldades e preconceitos que enfrentou, tornou-se uma fonte de inspiração para milhares de jovens de comunidades que se veem nela. Porém, seu posicionamento político, que a alinha mais à direita, parece ter se tornado uma barreira em eventos que supostamente valorizam a inclusão e a pluralidade de ideias.
O apagamento da presença de Jojo Todynho na ExpoFavela levanta um questionamento relevante: será que a favela precisa ter uma posição política única para ser ouvida e celebrada? Ou estamos correndo o risco de construir uma narrativa onde apenas vozes que ecoam certos discursos são valorizadas, enquanto outras são silenciadas? Dados recentes mostram que cerca de 40% dos brasileiros se sentem distantes das ideologias extremas, buscando alternativas mais equilibradas. Isso reflete o desejo por representações menos polarizadas e mais autênticas.
A favela nunca foi e nunca será homogênea. Nela, convivem diversas perspectivas, crenças e posicionamentos. E é essa diversidade que a torna rica e genuína. Ignorar alguém como Jojo Todynho por conta de suas opiniões políticas não é apenas desrespeitoso, mas também um retrocesso. Uma verdadeira celebração da favela deve incluir todas as vozes, pois cada uma delas carrega uma parte essencial da realidade dessas comunidades.
Eventos como a ExpoFavela têm a oportunidade e a responsabilidade de ser um palco para a multiplicidade de ideias e histórias que formam o cenário das comunidades brasileiras. Ao apagar Jojo, estamos ignorando a pluralidade que realmente define a favela, além de enviar uma mensagem de que certas opiniões são mais aceitáveis que outras. Talvez seja o momento de refletirmos sobre o verdadeiro significado da inclusão, afinal, representatividade que se adapta às nossas preferências políticas não é representatividade de fato.
Agora, deixo você com essa reflexão.
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