Quero desejar, com palavras estudadas, um Feliz Ano Novo.
Não é daquelas felicitações da boca para fora. É, de fato, um desejo de que 2025 seja feliz, apesar de tantas infelicidades pelas quais o Brasil e o mundo têm passado.
Pensando direitinho, no entanto, chegaremos à conclusão de que o mundo sempre foi esse caldeirão tumultuado, belicoso, em que uma minoria barulhenta acha que manda no Planeta só porque tem dinheiro e poder.
Sim! Pesando na balança, dinheiro e poder são muito pouco, pouquíssimo, para dominar o mundo. Não dá nem para a largada! Todos que quiseram se impor dessa forma trilharam dois caminhos que não indico para ninguém: o do esquecimento ou o do desprezo histórico. Ou ninguém se lembra deles ou, quando lembram, lamentam que tenha havido gente como essa ou aquela figura que gerou fome, guerra, desamor, destruição. A História atual tem nos mostrado, todos os dias, pessoas que, daqui a alguns anos, fatalmente estarão numa dessas categorias. Todas falharam e, pelo visto, alguns continuarão falhando! Ah, a ilusão dos fogos-fátuos!
Gilson Caroni Filho, com quem tive aulas de Teoria Política na faculdade, escreveu certa vez numa rede social: “Desejar felicidade sempre será um gesto revolucionário, uma aposta no futuro, uma forma de demonstrar que a nossa emoção sobreviveu”.
Sim, somos sobreviventes! Ao longo dos séculos, temos sobrevivido, como espíritos imortais que somos (sou espírita) a muitas comoções sociais. Contudo, estamos aprendendo que é só pelo amor, pela ética, pelo diálogo, pela transparência e pela justiça social que construiremos o mundo pelo qual ansiamos, pouco importando se somos ateus, budistas, espíritas, católicos, judeus, muçulmanos, evangélicos, agnósticos...
Por isso, tal qual desejamos Feliz Natal, é preciso, sempre, desejar Feliz Ano Novo!
É claro que o mundo não estará infinitamente melhor a partir de 1 de janeiro. E é claro que o mundo está ruim. Mas, se pararmos para pensar, nunca esteve tão bom, apesar de nossas vísceras morais estarem bem expostas.
Pois é. Nunca estivemos tão expostos a nós mesmos. Nunca tivemos a exata noção do que é de fato capitalismo como agora! Nunca a classe latifundiária, plutocrata, escravagista e reacionária que sempre mandou no país esteve tão exposta e tão esmiuçada por nós! Nunca os boçais e preconceituosos deram tanto a cara a tapa! Nunca a escravidão, que sempre grassou, pelo mundo esteve tão desnuda! Nunca os danos ambientais de ontem e hoje foram tão evidentes! Nunca soubemos como agora como os meios de comunicação são mancomunados com o que há de mais desabonador para manter a população distraída. E nunca fomos tão chamados a tomar posição frente a tanta coisa que nos horripila! Sim, o mundo está ruim, muito ruim. Mas nunca esteve tão bom!
É por isso que estamos tão desnudos atualmente. Tudo de negativo que antes não conhecíamos ou fingíamos não conhecer está vindo à tona para que tomemos tenência, tomemos as rédeas da situação e tenhamos papel ativo nesse mundo que precisa ser – e vai ser – um lugar bom para todos nós!
Todas as esperanças se renovam quando um novo ano tem início por esse motivo. Porque, lá no fundo, sabemos que a luta por dias melhores continua e não pode parar. Sendo assim, Feliz Ano Novo de novo e de novo e de novo! Afinal, é preciso continuar apostando no futuro, mas sem esquecermos que o futuro é uma construção que não pode parar. Por isso, quanto mais investirmos num presente melhor para todos, melhor será nosso futuro e cada vez mais novos serão os anos.
Aí, teremos dominado o mundo por meio da ética, do amor, do respeito, da solidariedade, da justiça e da vida em abundância.
E os que tentaram por meio do dinheiro e do poder? Ah, sei lá! Onde estão? Quem foram eles? Já houve gente assim? Nossa! Que triste!
Marcelo Teixeira
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