Andando pelo Shopping Bangu, encontrei essa exposição que me conectou mais uma vez com a história da moda, mas a partir de um recorte que conheço bem: o subúrbio.
A antiga Fábrica Bangu (que hoje conhecemos como shopping), foi um marco da moda no Brasil. E pesquisando mais sobre ela encontrei o seguinte:
"Fundada em 1889, a fábrica iniciou suas operações com equipamentos importados da Inglaterra e rapidamente se destacou, estabelecendo uma cultura de moda exportada até para mercados internacionais, especialmente em tempos de restrições, como a Segunda Guerra Mundial."(Rio Memórias)
No coração da zona oeste nesse período, uma crescente movimentação econômica aconteceu, possibilitando a estruturação de um bairro ao redor da fábrica.
Atrás das paredes de tijolinhos, muito trabalho, luta e potência coletiva construíram tecidos de alta qualidade que atravessaram o Atlântico e chegaram a mercados de Nova York e África do Sul em plena Segunda Guerra.
Mais do que ser referência na produção de tecidos, o meu bairro foi palco de evento sociais que uniram moda e relevância, como o concurso Miss Elegante Bangu. Além disso, foi pioneiro em modismos!
Quando o Bangu Atlético Clube estampou propaganda nas camisas do time pela primeira vez na história. Marcando então, o início de uma prática hoje comum no esporte, que reflete a união de moda e cultura popular. Essa inovação também reforça como o subúrbio carioca esteve na dianteira do mercado, rompendo com padrões e desafiando a exclusividade das elites.
E quando penso em moda no subúrbio, duas palavras são imediatas: identidade genuína e resistência. Este espaço sempre foi capaz de inovar e exportar, mostrando que o subúrbio é, sim, um produtor cultural relevante. A história da moda também passa por aqui, e revisitar isso é uma forma de questionar o olhar limitado e que dominou narrativas durante séculos.
Ao relembrar essa trajetória, vejo que a Zona Oeste sempre foi um polo criativo e de exportação de moda, mostrando a capacidade do subúrbio de repensar e inovar, rompendo estereótipos e contribuindo com a identidade cultural e econômica do país.
Sempre me predisponho a questionar perspectivas elitistas que definem o que é moda e onde ela é produzida. Ou até mesmo dizer: não temos uma moda nacional potente!
E dessa vez, dei de cara com essas imagens bem no "quintal" de casa que me afirmam o contrário.
E quantos familiares fizeram parte dessa moda?
Bangu tem moda!
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