Hoje, o mundo celebra uma década do Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, uma data que não só reconhece a força das mulheres no mercado de negócios, mas também reforça a urgência de derrubar barreiras que ainda limitam seu pleno potencial. No Brasil, o significado deste marco é ainda mais profundo. Em um país onde desigualdades de gênero e raça marcam o cotidiano, o empreendedorismo tem sido uma das principais ferramentas para a autonomia econômica de milhões de mulheres.
Segundo o Sebrae, as mulheres representam 34% dos donos de pequenos negócios no Brasil. Entre elas, negras e jovens lideram o crescimento de novos empreendimentos, um movimento que desafia as dinâmicas tradicionais do mercado. Mesmo com menos acesso a crédito, redes de apoio e educação formal, essas mulheres estão construindo negócios inovadores e sustentáveis, muitas vezes a partir de contextos de vulnerabilidade.
O Brasil Como Reflexo e Protagonista
O empreendedorismo feminino no Brasil é marcado por desafios únicos, mas também por histórias de superação. Em 2023, uma pesquisa do GEM (Global Entrepreneurship Monitor) apontou que o Brasil possui uma das maiores taxas de empreendedorismo feminino do mundo. Entretanto, essa força contrasta com as dificuldades que as empreendedoras enfrentam: 50% das mulheres empreendem por necessidade, buscando sustentar suas famílias em meio a uma economia que não garante empregos formais estáveis.
O impacto vai além da sobrevivência econômica. Mulheres empreendedoras estão transformando suas comunidades, empregando outras mulheres, promovendo diversidade e criando soluções que atendem a demandas locais. Isso é especialmente evidente em setores como moda, beleza, gastronomia e tecnologia, onde ideias criativas se traduzem em produtos e serviços acessíveis.
Um Olhar Global: Conexões e Possibilidades
No cenário internacional, o empreendedorismo feminino também tem sido um motor de transformação. Organizações como a ONU Mulheres e o Banco Mundial destacam a importância de financiar iniciativas lideradas por mulheres, não apenas por questões de equidade, mas também como estratégia de desenvolvimento econômico. Estudos mostram que, quando mulheres prosperam financeiramente, o impacto positivo reverbera em suas famílias e comunidades, promovendo crescimento sustentável.
A celebração dos 10 anos do Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino ressalta a necessidade de construir pontes globais. Por meio de eventos, redes de mentoria e plataformas digitais, mulheres de diferentes países estão trocando experiências e ampliando suas oportunidades.
Para Além da Comemoração do Empreendedorismo Feminino
Apesar das conquistas, ainda há muito a ser feito. As mulheres enfrentam desafios sistêmicos, como o acesso desigual a financiamento e preconceitos de gênero que limitam seu avanço. Segundo o Fórum Econômico Mundial, levará 132 anos para fechar a lacuna de gênero globalmente, caso não aceleremos mudanças estruturais.
No Brasil, a situação é ainda mais complexa. O preconceito racial amplifica as dificuldades para mulheres negras, que têm menos acesso a crédito e sofrem discriminação no mercado. Além disso, as empreendedoras brasileiras muitas vezes enfrentam uma jornada solitária, sem redes de apoio ou políticas públicas consistentes que as amparem.
Um Futuro de Oportunidades
O empreendedorismo feminino não é apenas um caminho de emancipação; é uma estratégia econômica poderosa. No Brasil, garantir políticas que apoiem essas mulheres — seja por meio de crédito facilitado, educação empreendedora ou incentivos fiscais — significa fortalecer a economia na totalidade.
Em nível global, criar alianças que incentivem a cooperação entre mulheres empreendedoras de diferentes culturas e contextos pode ser a chave para um futuro mais inclusivo.
A celebração de hoje não é apenas sobre as conquistas das mulheres empreendedoras nos últimos 10 anos. É um chamado à ação para governos, empresas e a sociedade civil. Afinal, investir no empreendedorismo feminino é investir em um mundo mais justo, inovador e próspero.
E a pergunta que fica é: o que cada um de nós pode fazer para ampliar esse impacto? As respostas estão nas mãos das mulheres que ousam empreender e naqueles que decidem apoiá-las.
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