
Com a promessa de ser uma das grandes produções da Netflix em 2025, "The Electric State" chega ao streaming carregando um peso considerável. Dirigido pelos Irmãos Russo, com roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely, e estrelado por Millie Bobby Brown e Chris Pratt, o longa tenta misturar ação, aventura e ficção científica em um universo inspirado no livro de Simon Stålenhag. No entanto, apesar do orçamento generoso e de um conceito visual cativante, o filme tropeça ao se apoiar demais em fórmulas previsíveis e personagens nada marcantes.
A trama se passa em uma realidade alternativa dos anos 1990, em que robôs evoluíram rapidamente até culminar em uma guerra contra os humanos. Após a vitória da humanidade, as máquinas remanescentes foram exiladas, e é nesse cenário que Michelle (Millie Bobby Brown) embarca em uma jornada para reencontrar o irmão, dado como morto após um acidente de carro com a família. No caminho, ela e o robô Cosmo - que ela acredita ser uma materialização robótica de seu irmão gênio Christopher (Woody Norman) - se aliam ao contrabandista Keats (Chris Pratt) e ao robô Herman (Anthony Mackie), enquanto enfrentam antagonistas como o magnata Ethan Skate (Stanley Tucci) e o militar Marshall Bradbury (Giancarlo Esposito).
Porém, o que poderia ser uma história envolvente e emocionante acaba se tornando uma colagem de referências mal aproveitadas. O roteiro segue uma estrutura tão comum que elimina qualquer senso de descoberta ou tensão. Michelle percorre uma jornada previsível, e seus encontros e desafios seguem um padrão tão batido que o espectador pode antecipar os acontecimentos com facilidade.
Os personagens, infelizmente, não conseguem escapar da superficialidade. Michelle é adolescente corajosa e ácida, Keats é o mercenário sarcástico que já vimos inúmeras vezes e os vilões são caricatos a ponto de se tornarem irrelevantes. Millie Bobby Brown e Chris Pratt possuem alguma química, mas estão no piloto automático, interpretando versões recicladas de papéis mais famosos. Já Stanley Tucci e Giancarlo Esposito fazem o que podem com personagens unidimensionais, mas não encontram espaço para brilhar.
Outro problema está no tom do filme. Os Irmãos Russo parecem insistir na mesma fórmula que usaram no MCU, tentando inserir bastante humor no filme. No entanto, as piadas soam forçadas e não contribuem para a narrativa, resultando em um filme que não sabe se quer ser emocionante ou engraçado.
Se há um ponto em que "The Electric State" funciona, é na ação. As cenas de perseguição e os embates com robôs são bem dirigidos e aproveitam ao máximo os efeitos especiais. Mas, sem um enredo envolvente, essas sequências acabam não gerando impacto real. Além disso, "The Electric State" é visualmente bom e colorido, sendo a fotografia a melhor parte do filme.
No fim das contas, a produção tenta ser um blockbuster impressionante, mas não tem nada a acrescentar. Seu universo tinha potencial para algo memorável, mas o filme se contenta em ser uma aventura esquecível, que recicla ideias sem dar a elas um propósito novo. Para quem busca um passatempo legal, pode até valer a pena. Mas, para quem esperava uma ficção científica um tanto diferente, fica a sensação de uma grande oportunidade desperdiçada.
The Electric State já está disponível na Netflix.
NOTA: 1,5 / 5
Isadora Wandermurem
Comments