Li recentemente "Sociedade do Cansaço" de Byung Chul Han e o título já me conquistou porque posso perceber com certas facilidades que estamos exaustos. Vivemos na era da pressão entre a perfomance (acordar às 5am, malhar, fazer uma rotina intensa de cuidados...) e o mesmo tempo uma necessidade urgente de descanso.
E você pode estar se perguntando: Onde a moda entra nisso? A moda é um alívio ou mais uma perfomance produtiva?
O casamento entre o excesso de estímulos acelerados pelos anúncios no seu feed e fasts fashions trazem a tona a lógica: "você sempre pode mais". Há uma competição, vez ou outra nas estrelinhas, que você pode ter a vida perfeita, comprar mais do que pode e mais rápido. E tudo ao seu redor parecer perder a graça antes do previsto e você se vê imerso em novos desejos.
E nessa lógica interminável, consumimos porque estamos cansadas e precisamos de uma recompensa rápida e prazerosa. Mas após o clique final, a culpa e exaustão. Essas com uma sensação mais amarga e longa. A exaustão não está apenas quando você não consegue dormir. Ou o seu corpo dói quando finalmente consegue sentar.
Ela não é mais somente um processo físico. Com tantos estímulos e desejos, ela evoluiu em uma degradação da mente. E agora os seus desejos e as escolhas passam por uma questão central: quão melhor eu posso ser, se tiver isso?
Nos tornamos consumidores insaciáveis, acumulando roupas, tendências e pressões para sermos “suficientes”. A lógica da produtividade, que transforma até nosso lazer em trabalho, invadiu também a moda.
Na era do ultra rápido, com muitos anúncios, fasts fashions e micro empresas, não compramos apenas roupas; compramos o escape do cansaço. O guarda-roupa vira palco de expectativas alheias, e a nossa identidade, um produto.
E lendo o que Han descreve no livro Sociedade do Cansaço é também o que a moda reflete: a busca incessante pelo “melhor”, que nos esgota e nos desumaniza. " O excesso de positividade transforma o ser humano em uma máquina de desempenho."
Resistir é desacelerar. Repensar. Propor novos caminhos.
Quem vem comigo?
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