Hoje (03), o Brasil se despede de uma de suas vozes mais emblemáticas. Aos 97 anos, Cid Moreira, ícone do jornalismo brasileiro, faleceu em Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, após semanas de luta contra uma pneumonia. Um nome que atravessou décadas, Moreira foi mais do que um locutor: foi a personificação de uma era em que as notícias eram aguardadas com respeito, e sua voz inconfundível, um símbolo de credibilidade.
Para quem cresceu entre os anos 70 e 90, as noites tinham um ritual inescapável: ligar a TV para ouvir o "boa noite" de Cid Moreira no Jornal Nacional, telejornal que ajudou a consolidar como o mais importante do país. Sua postura firme, porém serena, oferecia ao público mais do que informações. Ele trazia segurança em tempos de incertezas. De certa forma, a figura de Cid, com sua dicção impecável e olhar tranquilo, se tornou uma espécie de guardião da verdade para milhões de brasileiros.
Nascido em Taubaté, no interior de São Paulo, Cid Moreira iniciou sua carreira no rádio, veículo que ainda reinava absoluto nos lares brasileiros. Porém, foi na televisão que ele construiu seu legado. Sua passagem pela TV Globo, em especial no comando do Jornal Nacional, marcou profundamente a história da comunicação no país. Não é exagero dizer que, para muitos, a história do Brasil, em tempos de ditadura, redemocratização, crises políticas e econômicas, foi contada pela voz de Cid.
Ao longo de seus 27 anos à frente do JN, Cid narrou os principais eventos que moldaram o Brasil contemporâneo. De eleições decisivas à conquista da democracia, passando por tragédias e vitórias nacionais, sua presença na televisão nos fazia sentir parte daquilo que acontecia. Mesmo após se aposentar do telejornalismo diário, sua carreira não perdeu força. Moreira continuou ativo, emprestando sua voz para projetos religiosos e culturais, mantendo-se uma referência viva de ética e profissionalismo.
Em tempos em que a comunicação se transforma tão rapidamente, com a internet e as redes sociais assumindo o protagonismo, a trajetória de Cid nos lembra a importância do papel da imprensa na sociedade. Ele representa uma era em que a televisão era a principal fonte de informação, em que jornalistas eram figuras de confiança e as notícias, tratadas com seriedade e rigor. Seu falecimento marca o fim de um ciclo, mas também nos faz refletir sobre o futuro da comunicação e os desafios da credibilidade no mundo moderno.
Mais do que a voz do Jornal Nacional, Cid Moreira foi a voz do Brasil. Seu legado vai muito além das câmeras: ele deixa uma lição de profissionalismo, ética e respeito ao público. E, com sua partida, o país se despede de uma era em que as notícias eram recebidas com atenção, e a confiança em quem as contava era absoluta.
Hoje, o Brasil se cala por um instante. E, nesse silêncio, fica o eco de uma voz que jamais será esquecida. Cid Moreira pode ter nos deixado, mas seu impacto na história do jornalismo brasileiro será eterno.
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