Deputada é afastada por abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação
Em uma decisão que marca um capítulo importante na história política brasileira, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) cassou, por 5 votos a 2, o mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A parlamentar também foi declarada inelegível por oito anos, a partir das eleições de 2022. A decisão foi proferida na sessão desta quinta-feira, 30 de janeiro de 2025.

As acusações e a fundamentação da decisão
Zambelli foi processada sob a acusação de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante a campanha eleitoral de 2022. O relator do caso, desembargador José Antonio Encinas Manfré, destacou que a deputada utilizou suas redes sociais e outras plataformas para disseminar informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro, colocando em dúvida a integridade das urnas eletrônicas e do processo de apuração dos votos.
Segundo a decisão do tribunal, as ações da deputada violaram a legislação eleitoral, impactando de forma indevida o pleito e influenciando seus eleitores por meio de desinformação. O colegiado do TRE-SP concluiu que tais atos comprometeram a igualdade de oportunidades entre os candidatos, justificando a penalidade aplicada.
O julgamento e a formação da maioria
O julgamento teve início em dezembro de 2024, quando o relator votou pela cassação do diploma de Zambelli e sua inelegibilidade. Na ocasião, um pedido de vistas suspendeu a análise do caso. Com a retomada do julgamento em janeiro de 2025, a maioria dos magistrados acompanhou o relator, resultando na decisão final desfavorável à deputada.
A votação foi apertada, refletindo as divergências entre os magistrados. Os dois votos contrários argumentaram que as condutas da parlamentar, embora questionáveis, não teriam sido suficientemente graves para justificar a perda do mandato.
Consequências e próximos passos
Com a decisão do TRE-SP, Carla Zambelli pode continuar no cargo até o esgotamento de todos os recursos, uma vez que ela ainda pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A defesa da deputada já anunciou que pretende recorrer, alegando que houve cerceamento de defesa e que as provas apresentadas não sustentam a tese de abuso de poder.
Caso o TSE confirme a decisão do TRE-SP, Zambelli perderá o cargo e não poderá disputar eleições até 2030. O PL, partido da deputada, também acompanha de perto a situação, uma vez que a perda do mandato pode impactar sua estratégia política para as próximas eleições.
Repercussão política e institucional
A decisão gerou forte repercussão no meio político. Aliados da deputada classificaram a medida como uma perseguição política, enquanto opositores comemoraram a decisão como uma vitória da democracia e do combate à desinformação.
Líderes políticos e juristas apontam que o caso de Zambelli pode servir como um precedente importante para outros processos relacionados às fake news e ao uso indevido de redes sociais para fins eleitorais. O próprio Tribunal Superior Eleitoral tem adotado uma postura mais rigorosa contra a desinformação, refletindo um novo cenário para candidatos que utilizam estratégias questionáveis durante suas campanhas.
O impacto na democracia e no futuro da parlamentar
A cassação de um mandato eletivo sempre levanta questões sobre os limites da liberdade de expressão e o combate às fake news. O caso de Carla Zambelli reforça a importância de um debate sério sobre o uso das redes sociais na política e o papel das instituições na defesa da democracia.
O futuro da deputada agora depende dos próximos desdobramentos no TSE. Enquanto isso, o episódio se soma a outros casos que evidenciam a crescente atenção do Judiciário sobre o impacto da desinformação no processo eleitoral brasileiro.
A Revista Pàhnorama continuará acompanhando os desdobramentos do caso, trazendo informações atualizadas e uma análise aprofundada sobre as consequências políticas e institucionais dessa decisão histórica.
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