Quando o esporte deixa de ser palco e se torna trincheira pela igualdade
Por Faby Souza
O apito inicial foi dado, mas desta vez não era para o jogo. No último domingo (01), o Estádio do Maracanã, ícone do futebol mundial, testemunhou um lance que vai muito além das quatro linhas: o lançamento da campanha "Diga Não ao Racismo no Esporte". Essa iniciativa da Suderj não só honra o futebol, mas também acerta em cheio no que há de mais urgente na sociedade: o combate ao racismo.
A inspiração? O emblemático Vinícius Júnior, um jovem talento brasileiro que, apesar de fazer história nos campos europeus, tem enfrentado uma batalha paralela fora deles. Vini não apenas dribla zagueiros; ele enfrenta um sistema impregnado de preconceitos históricos, onde a cor da pele ainda é motivo de ataques em pleno século XXI. O esporte, que deveria unir, muitas vezes se torna palco para manifestações de ódio.
Mas será que, finalmente, estamos virando o jogo? A campanha da Suderj busca fazer exatamente isso: transformar estádios, clubes e torcidas em agentes ativos na luta antirracista. Afinal, como aceitar que o esporte, uma das maiores ferramentas de inclusão social, ainda sirva de arena para o preconceito?
Os números não mentem. Segundo o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, só em 2023 foram registrados mais de 150 casos de racismo no esporte brasileiro – um aumento de 50% em relação ao ano anterior. Mas será que isso significa que o racismo está crescendo, ou apenas que estamos finalmente abrindo os olhos para ele?
Ao pisar no gramado, Marcos Santos, presidente da Suderj, deu um exemplo claro: o futebol não é apenas um espetáculo; é uma força capaz de moldar mentes, influenciar massas e transformar vidas. A escolha do Maracanã, palco de grandes momentos da história do Brasil, é simbólica. Não é apenas um estádio; é um templo do esporte, onde vozes se unem em coro para celebrar, protestar e, agora, conscientizar.
A pergunta que fica é: até quando precisaremos de campanhas como esta? Não seria o sonho que um dia o racismo fosse tão inaceitável e raro quanto um gol contra no minuto final? Para isso, precisamos mais do que discursos: precisamos de educação, legislação e, acima de tudo, ação.
Que esta iniciativa inspire outros estádios, esportes e países. Porque, no final das contas, não é apenas sobre futebol; é sobre quem somos como sociedade. Quando a bola rola, ela deve ser símbolo de união, não de divisão. E, neste jogo, o racismo já recebeu seu cartão vermelho.
Agora, é hora de todos entrarmos em campo. Afinal, a vitória é coletiva.
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