A cantora e pastora volta a gerar controvérsias com declarações sobre abuso sexual e perdão em culto religioso
Se tem um nome que nunca passa despercebido, esse nome é Baby do Brasil. Aos 71 anos, a artista que marcou a música brasileira com seu timbre inconfundível e sucessos nos anos 1970 e 1980, hoje aparece mais no noticiário por suas declarações controversas do que pelo legado musical. E a mais recente polêmica veio de um culto religioso realizado na última segunda-feira (10), na casa de shows D-Edge, em São Paulo.
Durante o evento intitulado "Frequência com Deus", Baby fez um apelo para que as pessoas perdoassem aqueles que lhes fizeram mal. Mas o que realmente chocou o público foi o trecho em que ela incluiu vítimas de abuso sexual nessa lista.
"Se teve abuso sexual, perdoa! Se foi da família, perdoa!", declarou a cantora diante dos fiéis presentes.
A fala viralizou nas redes sociais e gerou um misto de indignação e perplexidade. Afinal, o perdão é um processo pessoal e delicado, mas sugerir que vítimas de violência sexual deveriam simplesmente "perdoar" seus agressores ignora um contexto de dor profunda, trauma e, muitas vezes, falta de justiça.
De cantora a pastora: Baby e suas polêmicas religiosas
Baby do Brasil não é apenas uma artista, mas também pastora e fundadora do Ministério do Espírito Santo de Deus. Nos últimos anos, tem se dedicado mais à vida espiritual, promovendo cultos que misturam música e pregação.
Durante o evento de segunda-feira, dia 10/3, além da declaração polêmica, ela reforçou a importância do perdão em todos os aspectos da vida:
"Se é briga de família: mãe, filho, pai, perdoa!", disse ela, estendendo o discurso para conflitos familiares em geral.
Mas nem tudo foram palavras de fé e reconciliação. Em certo momento, a cantora ainda respondeu a críticas sobre o culto estar sendo realizado em uma balada:
"Hoje mesmo eu tive uma pessoa na minha família que disse assim: ‘você não vai transformar a [D-Edge] numa balada gospel’."
As muitas polêmicas de Baby do Brasil
Quem acompanha a trajetória de Baby sabe que essa não é a primeira vez que suas declarações causam reações inflamadas.
No Carnaval de Salvador, em 2023, a cantora interrompeu uma conversa com Ivete Sangalo para alertar que o apocalipse estava chegando, deixando a cantora visivelmente constrangida no trio elétrico.
Durante a pandemia da COVID-19, Baby engrossou o coro da desinformação ao defender o uso de ivermectina como tratamento precoce – uma prática que já foi amplamente desmentida por cientistas. Na época, chegou até a se encontrar com a médica negacionista Nise Yamaguchi, uma das principais propagadoras dessas teses infundadas.
Já em 2022, durante um show na Bahia, Baby também protagonizou outro episódio polêmico ao se irritar com o público, que começou a gritar o nome de Lula durante sua apresentação. A cantora tentou afastar o tema político do show: Chega de falar de política!", reclamou.
Mas a resposta veio na forma de vaias e uma "chuva de cerveja" vinda dos mais exaltados na plateia.
Entre fé, fama e responsabilidade
Baby do Brasil tem todo o direito de expressar sua fé e suas crenças, mas o impacto de suas palavras vai muito além do palco ou do púlpito. Quando uma figura pública sugere que vítimas de abuso perdoem seus agressores sem mencionar justiça, acolhimento ou suporte psicológico, a mensagem pode ser não apenas irresponsável, mas até perigosa.
Afinal, quantas mulheres e crianças que sofrem violência ouvem diariamente que devem “perdoar”, sem que a sociedade lhes ofereça o direito de denunciar, ser acolhidas e ter justiça?
As redes sociais já começaram a reagir. Muitas pessoas questionam se Baby entende a gravidade do que disse ou se está tão imersa em sua espiritualidade que perdeu a noção da repercussão real de suas falas.
O fato é que, mais uma vez, Baby do Brasil se tornou assunto. Mas será que dessa vez o barulho gerado servirá para um debate necessário sobre fé, perdão e responsabilidade? Ou será apenas mais um episódio para a longa lista de declarações polêmicas da artista?
E você, o que pensa sobre isso?
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