Quem olha os olhos por fora. Não vê a cor do segredo. (Alceu Valença)
Por Silver Marraz
Quem foi ao Festival Aliança Global contra a Fome e a Pobreza pôde presenciar mais que espetáculos, mas um apelo político dos artistas a questões importantes como "a fome mata". E como disse Alceu valença,"vem cá que eu trago história, vem cá se arrepiar", a realidade que demarca a Terra Brasilis é marcada por fome, por racismo, por falta de demarcação, por falta de respeito, por falta de humanidade. Naturalizou-se a angústia, a dificuldade e a falta de empatia entre os brasileiros e as lutas pela igualdade e equidade, que não deveriam existir por ser algo de direito, precisa ecoar com sangue para que se tenha o mínimo necessário à sobrevivência.
O festival realizado entre os dias 14 e 16 de novembro de 2024 na Praça Mauá, Rio de Janeiro, marcou a presidência brasileira no G20 com uma iniciativa cultural que uniu música, conscientização e engajamento social. O evento, apelidado de Janjapalooza em homenagem à primeira-dama Janja Lula da Silva, reuniu mais de 30 artistas renomados em uma celebração gratuita que atraiu milhares de pessoas e buscou sensibilizar o público sobre temas cruciais como o combate à fome, as mudanças climáticas e a redução das desigualdades sociais.
Inspirado em eventos históricos como o Live Aid de 1985 e o Free Nelson Mandela Concert, o festival trouxe à tona uma agenda solidária e multicultural, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A programação musical variada incluiu apresentações de Zeca Pagodinho, Ney Matogrosso, Maria Rita, Daniela Mercury e Seu Jorge, entre outros grandes nomes da música brasileira. Cada noite do festival contou com uma abertura especial do Baile
Black Bom e shows temáticos que reforçaram o papel da arte como motor de transformação social.
Além dos shows, o evento promoveu discussões paralelas e atividades no Museu do Amanhã e no Museu de Arte do Rio, consolidando a Praça Mauá como um território vibrante de diálogo sobre temas globais. Durante os três dias, foram realizadas plenárias que abordaram os três eixos prioritários do Brasil no G20: a luta contra a fome, a sustentabilidade e a reforma da governança global. No encerramento, os organizadores entregaram um documento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, destacando propostas da sociedade civil para combater a pobreza e promover uma transição justa.
O público presente elogiou o impacto e a organização do evento. Carla Medeiros, professora da rede pública e moradora do Rio, compartilhou sua emoção: “Assistir a artistas incríveis e ao mesmo tempo refletir sobre questões tão urgentes foi algo único. É inspirador ver a arte sendo usada para transformar vidas.” Já João Luiz, estudante universitário, ressaltou o papel educativo do festival: “A mensagem de que a fome é um problema global que exige ação conjunta ficou muito clara. Saí daqui mais consciente e disposto a fazer minha parte”.
O festival também foi amplamente elogiado por especialistas e organizações que reconheceram a capacidade do evento de unir cultura e diplomacia. A escolha de um evento gratuito e acessível reforçou o compromisso do Brasil em liderar iniciativas globais inclusivas. Segundo a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), o festival “mostra que a cultura é uma ferramenta poderosa para construir redes colaborativas e gerar impacto social duradouro”.
A estrutura do festival foi um destaque à parte, com projeções artísticas em edifícios históricos como o Prédio A Noite, além de instalações interativas que envolviam o público em questões relacionadas aos desafios globais. O patrocínio veio de uma ampla rede de parceiros, incluindo empresas públicas como Banco do Brasil, BNDES e Petrobras, além de instituições internacionais como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Apesar de algumas críticas sobre os custos e a logística, o evento foi amplamente reconhecido como um exemplo de articulação entre o governo e a sociedade civil.
O Janjapalooza destacou como a combinação de arte, engajamento político e participação popular pode gerar mobilização e conscientização em larga escala. Em um momento crítico de debates globais sobre fome e desigualdades, o festival conseguiu consolidar uma mensagem de esperança e ação, colocando o Brasil no centro das discussões sobre como construir um futuro mais justo e sustentável para todos.
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