Você já deve ter rolado seu feed e caído em um conteúdo de GRWM (ou no bom português, se arrume comigo) e esse formato se tornou uma verdadeira tendência no TikTok. Mas agora ao invés de closet cheio de peças, cenário de luxo e roupas extravagantes vemos o mesmo conteúdo em um cenário popular e conhecido pela grande maioria dos brasileiros: o ônibus.
E isso nos revela algumas problemáticas se analisarmos em detalhe o discurso, a estratégia e a influência.
Um movimento que parece contraditório aos últimos anos de conteúdos, já que essas grandes influenciadoras (que ficaram conhecidas e aclamadas por esses formatos) sempre se afirmaram em se atrelar a marcas de luxo, consumo e uma diferenciação a partir de um estilo de vida inacessível.
Sobrava encantamento e idealizações dos seus espectadores. Isso era o suficiente para os números crescerem exponencialmente. Agora, esse movimento estafa, gera um certo tédio. Sentem a falta da profundidade, cobram pautas, querem algo a mais do que se arrume comigo.
Não acreditam no conteúdo feito no ônibus, porque ele não condiz com o lifestyle que sempre fizeram questão de reforçar e demarcar. Porque isso as faziam ocupar um nível acima, com olhares atentos, fãs e aspirações.
Então agora entrar nessa 'trend' é encarado como uma aproximação forçada de uma realidade (que se um dia viveram, hoje não vivem mais). Parece enfim mais um artifício de venda ou um conteúdo inapropriado com a linha editorial que sempre prezavam.
A "tendência"de conteúdos 'pés no chão' é necessária, mas precisa ser autêntica, mobilizar, agregar e acessibilizar de verdade.
Do contrário, me preocupa o risco de transformarmos experiências pulsantes das realidades brasileiras, em mais um produto midiático, esvaziando as questões de classe, raça e vivência que cercam esse tema.
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