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Marcelo Teixeira

Malhando na diversidade


Malhação


Sempre gostei muito de malhar. Adoro, aliás, tomar um suadouro em academia de ginástica. Nunca fui dado à prática de esportes, tanto que não ligo para futebol. Gosto de vôlei e polo aquático, e creio que praticaria um dos dois ou ambos se tivesse começado cedo. E adoro nadar também.

 

Voltando às academias, desde o final da década de 70 do século passado que as frequento. Quando comecei, ainda não havia ocorrido o “boom” que as fez se espalhar feito rastilho de pólvora e colocou a malhação definitivamente na moda. Tudo era meio incipiente. E também nadava num clube local. As aulas eram tocadas pelo Prof. Denoni e filhos. Foram eles que me ensinaram a nadar de peito, costas, borboleta e a melhorar o nado livre.

 

Na década de 80, devido ao referido “boom”, lá estava eu praticando musculação e ginástica aeróbica sob a batuta dos mestres e até hoje amigos Murilo Guerra e Tadeu Frinzi, da Academia Aeróbica Foi também nesse mesmo local que, na década seguinte, aderi ao “step” e ao “spinning”. À mesma época, nadava na Academia Estilo, que não mais existe. Mas mestre José Luís, que aperfeiçoou ainda mais meu nado, é inesquecível.

 

Dei uma parada no início deste século por vários motivos: grana, mudança de emprego, viagens de trabalho... Limitava-me a caminhadas esporádicas.

 

No início de 2018, devido ao frenesi de fazer bolos e sobremesas para agradar mãe e tia, estava eu 10kg acima do peso e com gordura no fígado em estágio inicial. Seguindo recomendação médica e também atendendo a antigo desejo pessoal, voltei a malhar. Para tanto, matriculei-me numa academia próxima à minha casa: a Korper, dos já amigos Michel, Vinícius e Anderson.

 

Era incomum deparar com alunos negros em academias de ginástica da minha cidade (Petrópolis, RJ) no século passado. Havia pouquíssimos professores negros também. Em geral, eles se limitavam a trabalhar como faxineiros, porteiros etc. E como nosso olhar foi historicamente anestesiado para o acinte de limitar os negros a funções subalternas, nem nos dávamos conta dessa falta de mobilidade social das classes e etnias historicamente reprimidas.

 

Quando voltei a malhar em 2018, percebi como foram e ainda são importantes as políticas de inclusão social, educacional e racial promovidas pelos governos da primeira década deste século. Primeiro porque possibilitou o surgimento de mais cursos universitários. Entre eles, dois de Educação Física, em pleno funcionamento aqui na cidade. Segundo porque aumentou (finalmente!) o contingente de jovens negros nos campi universitários.

 

O resultado não poderia ser mais saudável. Literalmente! Pelos salões da Korper, transitam inúmeros alunos negros. E não me refiro só a jovens. Há adultos e idosos. Isso sem falar no alvissareiro número de professores e estagiários negros. Todos esbanjando contentamento, profissionalismo e simpatia. Como se não bastasse, se há algumas décadas só advogados, médicos, dondocas, sebosos de plantão e afins tinham acesso a academias de ginástica, agora malho junto com a turma da farmácia, do mercado, da loja de calçados, da oficina mecânica, da portaria do condomínio... Tudo junto e misturado, num mosaico de dar gosto que transforma a Korper num bem-sucedido resultado das políticas sociais inclusivas.

 

E vamos malhar!

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