Nos últimos anos, temos visto um fenômeno preocupante: a luta antirracista, tão essencial e urgente, sendo usada como trampolim por alguns para alcançar poder e fama. Esta instrumentalização, muitas vezes feita por negros, especialmente nas redes sociais, não só desrespeita a memória de nossos ancestrais, como também desvia o foco das questões reais que precisamos enfrentar.
Transformar a luta contra o racismo em espetáculo midiático é um desserviço à nossa comunidade. Ao fazer isso, esses indivíduos distorcem a verdadeira essência do movimento antirracista, que deve ser coletiva e voltada para a transformação social. Racismo é questão de justiça, de direitos humanos e de reparação histórica. Reduzir essa luta a uma plataforma de autopromoção é uma afronta à nossa dignidade.
Precisamos estar atentos e críticos quanto às intenções daqueles que se proclamam porta-vozes da causa racial. Devemos distinguir entre quem realmente está comprometido com a transformação social e quem está apenas em busca de holofotes. Isso não significa que os negros não possam ocupar espaços de poder e visibilidade. Pelo contrário, é crucial que ocupemos esses espaços. A questão é como esses espaços são ocupados e com quais propósitos.
A luta antirracista exige uma abordagem interseccional que considere as múltiplas opressões enfrentadas pelas pessoas negras, como gênero, classe e sexualidade. Reduzir essa luta a uma simples questão de notoriedade pessoal é ignorar as complexidades da opressão racial. Devemos reivindicar uma luta autêntica, baseada na solidariedade e na justiça social, priorizando o bem-estar coletivo da nossa comunidade.
Portanto, é imperativo que continuemos vigilantes e críticos, reforçando a necessidade de uma luta antirracista genuína e comprometida com a transformação estrutural. Devemos desafiar e expor aqueles que buscam instrumentalizar essa pauta para seus próprios interesses, ao mesmo tempo em que celebramos e apoiamos aqueles que verdadeiramente lutam por um futuro mais justo e igualitário para todos.
Ao final do dia, a verdadeira mudança vem daqueles que estão comprometidos com a causa, que entendem a luta em sua profundidade e complexidade, e que não se deixam seduzir pelos holofotes fáceis. Precisamos de mais ações concretas e menos discursos vazios. A luta antirracista é séria demais para ser tratada como mero trampolim para fama. Vamos honrar a memória de nossos antepassados e lutar por um futuro verdadeiramente justo.
A instrumentalização da pauta racial precisa ser combatida com a mesma intensidade com que combatemos o racismo em todas as suas formas. Se permita refletir sobre isso e, quem sabe, agir de forma mais consciente e comprometida. Afinal, a verdadeira revolução começa dentro de cada um de nós.
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