Por Silver D'Madriaga Marraz
Às vezes, eu vejo ou ouço algumas coisas e penso: quando a minha paciência for embora, é melhor você ir também. Isto porque o povinho desinformado, petulante, arrogante, arrotador de problemas e consumidor de pseudoverdades prefere propagar a mentira a parar um pouco e buscar a verdade. Como disse o filósofo Friedrich Nietzsche, “as convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras” e o que mais temos é INTELECTUAIS DE NADA, que nem sequer abrem um livro por ano para ler.
Neste cenário em que a informação flui livremente através de múltiplas fontes, paradoxalmente, a busca pela verdade parece ceder lugar à ascensão de comportamentos marcados pela indiferença à realidade. Sim, temos milhares de pessoas seguindo ipsis litteris o estapafúrdio verso do hino nacional – deitado eternamente em berço esplêndido. Em outras palavras, a “cama” da era digital, longe de se tornar um farol para a compreensão, se tornou uma arena onde a verdade é frequentemente eclipsada pela ânsia de reclamar, criar boicotes e gerar polêmicas contraproducentes deste povo que adormeceu e enlouqueceu com loucos sonhos.
A sociedade contemporânea se encontra imersa em uma cultura de indignação constante, onde a veracidade dos fatos é relegada a um segundo plano. Nas redes sociais, plataformas que deveriam ser veículos para o conhecimento, as opiniões se sobrepõem à busca por informações fundamentadas. A verdade se torna subjetiva, moldada pelas lentes distorcidas das percepções individuais.
Isso vale para tudo: namoro, amizade, trabalho, família etc. O boicote, uma ferramenta outrora utilizada como meio de resistência social legítima, agora é frequentemente empregado de forma precipitada e desinformada. Pessoas escolhidas e situações são alvos de represálias sem que haja uma compreensão aprofundada do contexto. Este fenômeno, ao invés de promover a justiça, perpetua a ignorância, gerando um ciclo de desinformação que mina a busca pela verdade. É que o ser humano gosta de ferir, machucar, distorcer, porque tem consciência de que a mentira dá ibope e machuca muito mais.
Então, a facilidade com que a sociedade adere à polêmica é notável. Compartilhar opiniões controversas tornou-se uma forma rápida de obter atenção e validação social, mesmo que esta atenção seja desprovida de uma compreensão genuína dos fatos subjacentes. A controvérsia se torna um fim em si mesma, relegando a verdade a uma posição secundária na narrativa pública.
O advento das bolhas digitais intensificou essa problemática, confinando indivíduos a ambientes on-line onde suas perspectivas são constantemente reforçadas. A verdade se torna relativa, adaptada às convicções preexistentes, e a busca por uma compreensão mais ampla é subjugada pela validação de opiniões já estabelecidas.
O povinho, que adora chamar à atenção, busca incessantemente por audiência e, muitas vezes, se vangloria com a irresponsável responsabilidade de fornecer informações infundadas. Este sensacionalismo supera a objetividade, contribuindo para uma cultura de polêmicas vazias e desvinculadas da verdade. A aparente facilidade com que se adere a movimentos de boicote e criação de polêmicas revela uma falta de comprometimento com a verdade e uma inclinação mais forte para a gratificação imediata proporcionada pela indignação coletiva. Este comportamento, longe de ser um mero reflexo da era digital, é um sintoma mais profundo de uma sociedade que, em sua busca por validação e reconhecimento, sacrifica a verdade no altar da popularidade efêmera.
O povinho sustentador das mentiras cria uma atmosfera tóxica onde o diálogo construtivo é substituído por confrontos superficiais. A busca pela verdade e a resistência à tentação de sucumbir à superficialidade dão trabalho, porque são as âncoras que podem nos guiar em direção a uma sociedade mais informada, justa e verdadeira. E, informação verídica, justiça e verdades não dão público. É mais legal, mais fácil, mais divertido deixar a verdade, muitas vezes incômoda, de lado em favor de narrativas mais convenientes e que se alinham às preconcepções de interesses pessoais sem sentido que leva muita gente à terrível ruína.
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